Eleição presidencial de 1989

História das Eleições - Episódio 26

Eleição presidencial de 1989

Podcast por Reginaldo Dias em 06/09/2022 - 07:33

Em 1989, após quase três décadas, realizou-se eleição direta a presidente da República. O regime militar havia estabelecido que o mandato do sucessor do general Figueiredo seria de seis anos. Durante a Constituinte, pautou-se a antecipação da eleição e o resultado negociado foi limitar o mandato do presidente Sarney para cinco anos. Além disso, os constituintes estabeleceram que a eleição teria dois turnos, caso o candidato mais bem votado não atingisse mais de 50% dos votos válidos. 

O governo Sarney, não obstante a elaboração de alguns planos de estabilização, não tivera sucesso em resolver a grave crise econômica legada pelos militares, caracterizada pela disparada da inflação e da dívida externa. A eleição presidencial colocou em pauta quais seriam as terapias para solucionar a crise.

Iniciado o certame, os candidatos dos partidos que sustentavam o governo Sarney ficaram fragilizados. Candidato pelo PMDB, o deputado Ulisses Guimarães, lenda viva da política brasileira por seu papel na resistência democrática e na direção da Constituinte, ficou em sétimo lugar, obtendo apenas 4,7%. O PFL, formado pela dissidência do PDS que apoiou Tancredo e Sarney em 1985, lançou o Aureliano Chaves, que obteve menos de 1% dos votos, chegando em nono lugar. Melhor sorte teve Paulo Maluf, candidato derrotado por Tancredo Neves no colégio eleitoral. Novamente candidato pelo PDS, Maluf chegou em quinto lugar, obtendo 8.8%.

No plano partidário, a principal novidade era o PSDB, constituído por respeitáveis líderes do antigo MDB. O candidato do PSDB foi Mário Covas, que chegou em quarto lugar, obtendo 11%.

Uma das vagas ao segundo turno foi disputada no interior do campo trabalhista, polarizando as lideranças de Leonel Brizola (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por uma pequena margem, Lula chegou em segundo lugar, obtendo 17,2%, enquanto Brizola totalizou 16,5%, ficando em terceiro.

O líder do primeiro turno foi o jovem governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, com 30% dos votos. Collor impactou o eleitorado com um forte discurso de moralização da máquina pública e com a imagem do homem forte que vinha para moralizar o sistema político.

No segundo turno, houve polarização de projetos. Por um lado, Collor apresentou um projeto liberal, que defendia a abertura ao capital internacional e a privatização das empresas públicas. Por outro lado, Lula apresentava um projeto trabalhista, baseado na defesa do papel estratégico do Estado, e em política internacional de viés nacionalista e em reformas sociais.

Outra dimensão da disputa ocorreu quando Collor instrumentalizou os símbolos nacionais em benefício próprio, procurando fragilizar a candidatura de Lula, propagando dizeres como “nossa bandeira é verde e amarela e nunca será vermelha”.

Contando com o apoio de Brizola e Covas, terceiro e quarto colocados no primeiro turno, o candidato Lula atingiu o índice de 47% dos votos. Não foi suficiente para ultrapassar Collor, que liderou os dois turnos e foi o vitorioso, na fase final, com 53% dos votos.

Fazia tanto tempo que não ocorria eleição direta para presidente que nenhum dos dois finalistas, Lula e Collor, tinha idade para votar em 1960, no último certame de voto direto para presidente antes de 1989.

Fernando Collor de Mello
Fernando Collor de Mello

Histórias das Eleições vai ao ar de segunda a sexta, às 11h40 e às 15h35.

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