As eleições de 1986

Com o fim do mandato do general João Batista Figueiredo na presidência da República e com a vitória da oposição na eleição indireta do Colégio Eleitoral, chegava ao fim o período de 21 anos de ditadura no Brasil. Iniciava o período que foi denominado, pelos novos comandantes da política nacional, como Nova República.

Na agenda da redemocratização, a grande pendência era a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Por outro lado, o novo governo tinha de lidar com a pesada herança da crise econômica e social legada pelos militares. Em 1980, a inflação chegou a três dígitos, totalizando 110% no ano. Em 1983 e em 1984, a inflação ultrapassou o patamar anual de 200%.

Além de ter parado de crescer, o PIB apresentava indicadores negativos em alguns anos. A dívida externa disparava, estrangulando a economia nacional. De 1964 a 1985, a dívida externa saltara de 16% para 47% do PIB.

Muitas eram as demandas que o governo federal tinha de enfrentar, especialmente porque o PMDB, como maior partido de oposição, havia se tornado o canal da esperança dos brasileiros por dias melhores. A morte inesperada do presidente Tancredo Neves, que sequer chegou a tomar posse, deixou uma grande interrogação sobre o futuro do governo, uma vez que Sarney, o herdeiro do cargo, vinha do PDS e não tinha a autoridade e a liderança de Tancredo Neves.

Para combater a disparada da inflação, o governo Sarney lançou o plano Cruzado. Visando deter a reprodução inercial da inflação, o plano estabelecia, inicialmente, o congelamento dos preços. Gerando surpresa, o plano foi acolhido com entusiasmo pela população, cansada da espiral da inflação, dotando o presidente Sarney de elevada popularidade. A extensão do congelamento e a ausência das medidas complementares geraram, porém, efeitos colaterais, como desabastecimento e cobrança de ágio em alguns produtos, mas a popularidade do governo se manteve alta até a realização das eleições, influenciando seus resultados.

Nas eleições a governador que se realizaram em 1986, o PMDB foi o vencedor em 22 dos 23 estados. No senado, conquistou 37 das 46 cadeiras em disputa. Naturalmente, para entender o desempenho em cada estado, é preciso analisar o enraizamento local e a força dos candidatos por si próprios.

No Paraná, o PMDB também foi o grande vencedor, elegendo Álvaro Dias ao Palácio do Iguaçu e conquistando as duas cadeiras ao Senado, cujos eleitos foram José Richa e Afonso Camargo. Álvaro Dias e José Richa inverteram as posições, ou seja, Richa deixou o governo para ser eleito ao senado e Álvaro Dias deixou o senado por ter sido eleito governador. Em outras palavras, o PMDB tinha força organizada e lideranças influentes no Paraná.

O principal concorrente ao governo estadual, inscrito pelo PDT, foi Alencar Furtado, o lendário deputado que fez história no MDB e foi cassado pela ditadura. Álvaro Dias obteve 70% dos votos e Alencar Furtado obteve 24%.

Passada a eleição, contudo, o governo Sarney acabou com o congelamento e liberou os preços, gerando protestos e frustração.