7 de outubro de 1932: nasce a Ação Integralista, maior movimento fascista do país
A semana na História

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7 de outubro de 1932: nasce a Ação Integralista, maior movimento fascista do país

A semana na História por Reginaldo Dias em 06/10/2025 - 11:50

Debate-se, hoje, se vivemos um momento de emergência do neofascismo na política brasileira. O tema divide opiniões, mas o debate é importante porque temos, no país, uma história de correntes políticas ligadas a essa ideologia. A mais representativa delas foi a Ação Integralista Brasileira, fundada em 7 de outubro de 1932, quando houve o lançamento do assim chamado Manifesto de Outubro, que sintetizava o pensamento e os objetivos da corrente.

A AIB estruturou-se a partir de uma série de pequenos grupos e partidos de extrema-direita que já existiam no país. Pertencia à constelação dos movimentos e partidos fascistas que surgiram, na Europa, após o final da Primeira Guerra Mundial. Na Itália, o fascismo era a corrente dominante desde a década passada. Na Alemanha, chegaria ao poder em 1933. Diferentemente das correntes tradicionais de extrema-direita, o fascismo adotava técnicas modernas de propaganda e de mobilização. Para muitas pessoas, em uma década de crise do liberalismo em todo o mundo, parecia a corrente do futuro.

Dotada de grande capacidade de atração, a AIB contou com centenas de milhares de adeptos organizados, distribuídos de norte a sul do país. Consta que chegou a contar com núcleos organizados em mais de 500 municípios brasileiros. Teve expressiva participação no debate político da década de 1930. Também atraiu a adesão de muitos intelectuais que discutiam os destinos do país, além de líderes religiosos.

Em 1934, promoveu, na cidade de Vitória, capital do Espírito Santo, seu primeiro congresso, definindo sua estrutura organizacional e seus estatutos. Elegeu, então, o líder Plínio Salgado como chefe supremo e perpétuo. Participando da vida eleitoral, disputou cargos em diferentes níveis. Entre 1933 e 1937, atuou no executivo e no legislativo de várias cidades e estados. Em 1936, seu segundo congresso nacional definiu sua transformação em partido político para a disputa da eleição presidencial de 1938. Seu candidato era Plínio Salgado. Naquele ano, elegeu cerca de 500 vereadores, além de 20 prefeitos.

Antiliberal e antidemocrático, o Integralismo rejeitava a ideia de representação política, defendendo a mobilização integral e a submissão da massa ao chefe supremo. O nome integralismo é derivado do vocábulo integral, evocando a noção de totalidade. Seu símbolo era a letra grega sigma, que expressava a ideia de soma, de integração. Nacionalista, o movimento tinha como saudação a palavra Anauê, de origem tupi, vocalizada com o gesto do braço direito levantado e esticado.

Esse movimento viveu uma fase ascensional. Em 1937, apoiou o golpe de Estado que implantou a ditadura do Estado Novo, julgando que teria espaços privilegiados de participação no poder, mas o presidente Getúlio Vargas extinguiu todos os partidos, incluindo o integralista. O integralismo ainda tentou o um golpe de Estado contra Getúlio Vargas, mas foi derrotado.

Depois de 1945, na fase da democratização, Plínio Salgado, tentando repaginar sua biografia política, criou um partido para participar da nova vida nacional, o PRP. Por essa legenda, disputou as eleições presidenciais de 1955. Ficou em quarto lugar, com 8% dos votos. No Paraná, porém, obteve o seu melhor resultado, atingindo expressivos 24% dos votos.

Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50


 

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