

Opinião
Ter propósito não é o que se busca, é o sentido que se tem
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 06/08/2025 - 08:00
A busca pelo homem elevado
Platão, um dos maiores filósofos da tradição ocidental, nos propõe uma figura essencial para pensarmos a vida ética: o homem bom. Mas quem é esse homem? Para o filósofo grego, o homem bom é aquele que se eleva acima do mundo das aparências — esse cotidiano carregado de paixões, desejos imediatos e ilusões que nos afetam profundamente.
Viver em meio às distrações do dia a dia pode nos afastar de uma compreensão mais clara e verdadeira da realidade. Platão acreditava que a verdade não está nesse mundo sensível e transitório, mas em uma dimensão mais elevada, mais profunda — acessível somente àqueles que conseguem pensar para além da superfície das coisas.
A injustiça e os injustiçados: um paradoxo ético
Existe uma frase provocadora que serve de guia para esse raciocínio:
“O mundo tem muita injustiça, mas não injustiçados.”
Essa ideia exige atenção. A injustiça está presente nas relações humanas, nos sistemas sociais e nas dores que atravessam a vida de muitos. Mas quando dizemos que não há injustiçados, não estamos negando o sofrimento. Estamos propondo uma outra forma de compreender a condição humana: um convite à reflexão sobre a complexidade do viver, sobre o papel que cada um de nós desempenha nas engrenagens que sustentam o mundo como ele é.
Será que sofremos apenas pelos males que nos atingem diretamente? Ou será que participamos, ainda que inconscientemente, da manutenção de estruturas que perpetuam essas injustiças? Entender essa complexidade é fundamental para amadurecermos nossa visão sobre o bem, o mal e o nosso lugar no mundo.
A ética como visão profunda da existência
A ética, nesse contexto, não é apenas um conjunto de regras ou boas intenções. Ela é a capacidade de compreender as consequências de nossas ações para além de nossas emoções imediatas. É refletir sobre nossas escolhas à luz de um propósito maior.
Essa compreensão mais ampla nos permite enxergar a vida de forma mais responsável e menos egocêntrica. O que fazemos hoje deve, idealmente, ultrapassar as fronteiras do nosso próprio interesse. Afinal, o bem que promovemos — ou o mal que toleramos — impacta a todos.
Qual é o seu propósito?
Fica então a pergunta essencial:
Qual é o seu propósito?
Você vive em busca de algo exclusivamente pessoal, ou constrói sua trajetória com a intenção de deixar algo que beneficie outros? Pensar sobre o propósito é, na prática, pensar sobre a ética. Qual é a vida que você leva, e qual o sentido que você dá a ela?
E mais: o que é a injustiça para você? E quem são os injustiçados? Perguntas que, ao serem feitas com honestidade, nos obrigam a sair da superfície e olhar com mais profundidade para o mundo — e para nós mesmos.
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