10 de fevereiro de 1956:  início da Revolta de Jacareacanga para depor o presidente Juscelino Kubitschek
A semana na História

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10 de fevereiro de 1956: início da Revolta de Jacareacanga para depor o presidente Juscelino Kubitschek

A semana na História por Reginaldo Dias em 10/02/2025 - 11:50

Atualmente, o noticiário veicula diariamente informações sobre as consequências penais para os revoltosos que protagonizaram os atos de 8 de janeiro de 2023, acusados de tentativa de golpe de Estado para depor o presidente Lula. Nossa coluna de hoje recua no tempo para abordar a Revolta de Jacareacanga, liderada por oficiais da Aeronáutica e destinada a depor o presidente Juscelino Kubitschek, que havia tomado posse poucos dias antes.

A conspiração contra o presidente Juscelino Kubitschek começou ainda antes da campanha eleitoral que o levou à vitória. Em 1955, as mesmas forças que haviam conspirado contra o presidente Getúlio Vargas — nos episódios que culminaram com seu suicídio — defendiam o adiamento das eleições e a instauração de um regime de emergência. O objetivo era impedir o sucesso de Juscelino, aliado de Getúlio. Com a vitória de Juscelino, a trama foi atualizada para impedir sua posse. No entanto, graças à eficiente articulação do general Henrique Lott, apoiado por outros militares legalistas, garantiu-se a posse do presidente Kubitschek em 31 de janeiro de 1956.

Dez dias depois, eclodiu a Revolta de Jacareacanga, liderada pelo major Haroldo Veloso e pelo capitão José Chaves Lameirão, ambos da Força Aérea Brasileira. Inconformados com o resultado das eleições e com a posse de Juscelino Kubitschek, esses oficiais, ecoando o sentimento golpista de parte da oposição, renderam o oficial de plantão da Base do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, abasteceram uma aeronave de combate com munição e a conduziram até Jacareacanga, no sul do Pará. Dessa guarnição da Força Aérea, deram início ao levante, cujo objetivo era derrubar o presidente da República. O plano previa o controle de pontos estratégicos no interior do país para forçar uma reação das tropas governistas. Calcularam que essa conflagração incentivaria outros militares oposicionistas a pegarem em armas contra Juscelino.

O plano, porém, fracassou. Mesmo diante da recusa da Aeronáutica em reprimir os rebeldes, o governo mobilizou tropas do Exército para eliminar o foco de sedição. Com a revolta debelada, o governo ainda teve de enfrentar, em dezembro de 1959, o Levante de Aragarças, que tinha os mesmos objetivos.

Se dependesse dos golpistas, o Brasil teria sido privado do governo transformador de um dos presidentes mais bem-sucedidos de sua história. Juscelino Kubitschek conseguiu concluir seu mandato e transmitir o cargo ao presidente eleito em 1960. Na época, não era possível prever, mas o Brasil só voltaria a ter um presidente eleito pelo voto direto que conseguisse concluir um mandato em 1998, quatro décadas depois.

Como disse alguém, o Brasil não é para principiantes.

Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50

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