28 de junho de 1914: atentado político dá início à I Guerra Mundial
A semana na História

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28 de junho de 1914: atentado político dá início à I Guerra Mundial

A semana na História por Reginaldo Dias em 23/06/2025 - 11:50

Em 28 de junho de 1914, um fato ocorrido em Sarajevo, capital da Bósnia- Herzegovina, foi o estopim para a deflagração da 1ª Guerra Mundial. Eu me refiro ao atentado que tirou a vida do herdeiro do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Ferdinando. O atentado foi protagonizado por um agrupamento político radical, engajado em um movimento de libertação do domínio austro-húngaro, cujo objetivo era criar um grande estado eslavo independente no sul da Europa. A percepção imediata desse acontecimento, apesar de sua dramaticidade, não indicava que viesse a ter a proporção que assumiu, dando início a uma guerra de proporções desconhecidas, envolvendo as principais potências europeias. Chamada em seu próprio tempo de a Grande Guerra, a conflagração veio a ser conhecida depois como a I Guerra Mundial.

A Europa vinha de décadas de paz no continente. O último conflito militar de grandes proporções havia sido encerrado em 1871, a guerra franco-prussiana, que opôs franceses e alemães. Nas décadas de paz, a civilização capitalista europeia parecia viver uma época de otimismo e de expansão econômica. Além da modernização capitalista em seu território, houve a expansão internacional, por meio de nova fase de colonização da África e da Ásia. Na lógica dos colonizadores, havia a exportação da civilização aos colonizados. Esse longo período de paz na Europa e de expansão de sua civilização era referido, na literatura, como Belle Époque, ou seja, como uma época bela. No entanto, esse otimismo sucumbiu diante do mais bárbaro e destrutivo conflito militar da história até então.

Havia, malgrado o otimismo, tensões latentes entre as potências europeias, relacionadas à disputa de hegemonia do processo de expansão política e econômica e de conquista colonial. Não se pode, porém, atribuir a deflagração da guerra a um fato isolado ou a um país. Havia um sistema de alianças e alinhamentos, que opunha dois blocos. Por um lado, havia um bloco liderado pela Alemanha, que era integrado pelo Império Austro-Húngaro, pela Bulgária e pelo Império Turco. De outro lado, estavam a França, que preservava as lembranças do conflito anterior com a Prússia, e seus aliados, Inglaterra e Rússia.

Quando o Estado Austro-Húngaro emitiu um ultimato e depois deflagrou guerra ao reino da Sérvia, que era área de influência da Rússia, acusando-o pela trama do atentado, o sistema de alianças se armou e opôs, militarmente, os blocos. No início, julgava-se que os conflitos fossem de curta duração. No entanto, a fagulha desencadeou o morticínio da Grande Guerra, que duraria quatro anos, com efeito destruidor nunca visto. Os danos da Primeira Guerra Mundial se estenderiam pelos anos posteriores ao seu fim. A crise política europeia do pós-guerra deu origem aos regimes fascistas e gerou a II Guerra Mundial, mais ampla e mortífera do que a anterior.

Especialistas em relações internacionais advertem que caminhamos, hoje, a um conflito global de alcance potencialmente devastador. Seria uma Terceira Guerra Mundial? Como demonstra a história, não é preciso que os atores políticos queiram desencadear um conflito global para que ele atinja essa proporção. Em face do apetite voraz dos senhores da guerra, cabe entoar os versos de uma canção pacifista de John Lennon. Ele cantava: “All we are saying is give peace a chance”, ou seja, “tudo que estamos a dizer é deem uma chance à paz”.

Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50


 

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