Em julgamento, juiz decretou prisão de advogado, mas voltou atrás
Imagem Ilustrativa/Arquivo CBN Maringá

Caso Sevilha

Em julgamento, juiz decretou prisão de advogado, mas voltou atrás

Segurança por Victor Simião em 26/08/2019 - 09:32

Determinação ocorreu porque magistrado havia se incomodado com foto em rede social – algo que teria quebrado uma norma. Após confusão, decisão foi revogada e ninguém foi detido. O julgamento relativo ao homicídio do auditor fiscal José Antônio Sevilha foi dissolvido nesse domingo (25) após seis dias de trabalho.

 

Num dos momentos mais tensos do julgamento envolvendo três acusados de participação no homicídio do auditor fiscal José Antônio Sevilha, o juiz presidente do júri determinou a prisão de um advogado. Em seguida, voltou atrás. Foi no sábado (24), quinto dia de julgamento.

Durante o interrogatório de um dos réus, o juiz Cristiano Manfrim, da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal de Maringá, se incomodou com o uso do celular feito pelo advogado Emerson Freitas, da banca de defesa do réu Marcos Gottilieb. Segundo a apuração da CBN, o juiz, citando uma foto que tinha sido publicada nas redes sociais, disse que Freitas havia descumprido uma norma: a de que fotos e vídeos estavam proibidos no local; e aí, determinou a prisão do advogado.

Foi quando o clima ficou tenso. O advogado Ércio Quaresma, da banca de Freitas, falou que quem deveria ser preso era ele. O advogado justificou a afirmação dizendo que a responsabilidade da publicação da foto era dele, e que ele iria publicar imagens se quisesse porque estava no direito dele.

A imagem, ainda nas redes sociais, mostra o delegado de Polícia Federal Ronaldo Carrer em depoimento. Ao fundo, aparecem alguns dos advogados de defesa do réu Marcos Gottilieb.

Após o embate, houve uma pequena reunião de portas fechadas entre o juiz e os advogados. Segundo apurou a CBN, o juiz pediu desculpas e se colocou à disposição inclusive financeiramente caso tenha havido algum tipo de dano moral. Os advogados disseram que não era necessário, que só queriam um pedido de desculpas publicamente.

Manfrim voltou ao plenário e disse ter errado, pedindo desculpas aos advogados e aos presentes. Ele foi aplaudido por quem estava no Tribunal.

No domingo (25), o advogado Ércio Quaresma, defensor de Gottilieb, antes de abandonar o julgamento, falou sobre o ocorrido enquanto dizia os motivos pelos quais sairia do tribunal. O registro foi publicado no Facebook dele.

À reportagem da CBN, o magistrado disse que preferia não se manifestar sobre o julgamento.

O julgamento foi dissolvido nesse domingo após seis dias de trabalho. O juiz Cristiano Manfrim determinou o término dos trabalhos após a defesa de dois dos três réus terem abandonado o tribunal, alegando vício no júri. A defesa do terceiro réu queria que trabalho prosseguisse. Ministério Público Federal também queria, mas entendeu que o procedimento não seria correto sem os acusados da execução e da ordem do crime. Uma nova data deve ser agendada para outubro, e todo o processo de júri deve ser refeito.

O auditor José Antônio Sevilha foi morto a tiros em setembro de 2005.

Estavam sendo julgados o empresário Marcos Gottlieb, proprietário de uma empresa que vinha sendo investigada pelo auditor e apontado como mandante do crime; Fernando Ranea, que seria o executor; e Moacyr Macêdo, que teria aproximado os dois. Outros dois homens foram indiciados, porém um nunca foi localizado e outro morreu durante cumprimento de pena pelo crime de sequestro. Os réus são acusados pelo crime de homicídio qualificado, e a pena varia de 12 a 30 anos de reclusão. O empresário Marcos Gottlieb está preso preventivamente desde maio deste ano.

Sevilha investigava a empresa Gemini, uma importadora de brinquedos, que tinha dívidas milionárias com a Receita Federal. As defesas dizem que os réus são inocentes.

Ao todo, 11 testemunhas prestaram depoimento. O julgamento teve início na terça-feira (20) e havia a previsão de que se encerrasse nesta segunda-feira (26).

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