Opinião
Opinião
Educação não muda porque vive mudando
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 08/08/2023 - 08:19
Mais uma mudança
Agora se quer um novo ensino médio, “de novo”. Uma mudança no currículo escolar e na carga horária das disciplinas. O interesse é aumentar a carga horária de matemática, física, química, português e biologia. Mas também, manter a importância das ciências humanas associada aos conteúdos flexíveis.
A ideia é valorizar as ciências básicas sem perder de vista que muitos alunos podem desejar o ensino técnico profissionalizante. Um não pode descartar o outro. E isso é bom.
Logo, há uma mudança no itinerário do aluno dentro da instituição e ensino. Na reforma de 2017 eram cinco eixos, agora, passariam a ser três. Valorização das disciplinas básicas mesmo mantendo um itinerário para as ciências humanas ou naturais.
O ensino técnico e profissionalizante continuaria fazendo parte de um dos eixos de formação escolhidos. Uma exigência do mercado e o interesse de ingressar com uma qualificação básica no mercado de trabalho.
A autonomia dos estados será mantida
Tudo indica que os Conselhos de Educação dos Estados vão continuar tendo autonomia para definir quais dos eixos uma instituição de ensino vai adotar. A mesma autonomia deve permanecer com as escolas particulares.
A carga horária das disciplinas básicas aumentaria de 1,8 mil horas, para 2,4 mil. Mantendo-se a carga de 1,2 mil horas para as disciplinas flexíveis.
O Exame Nacional do Ensino Médio mudaria também, mas somente depois de 2024. A intenção é uma cobrança maior do peso das disciplinas básicas e ao mesmo tempo a exigência de questões das disciplinas flexíveis.
Mas será que vamos resolver os velhos problemas?
Ao que tudo indica, o “papel aceita tudo”. Porém, continuamos com problemas em relação a estrutura das escolas em darem condições de ensino e ter professores com qualificação para ministrarem as aulas.
Na prática são os professores que são a peça-chave na condução da vida acadêmica. A realidade dentro de sala de aula é feita de pessoas e isso é fundamental de se entender. Se a relação entre professor e aluno não se resolver, nada se resolve.
Falta conexão regional
Há outro fator, as diferenças regionais, as condições da população que cada escola atende. Precisamos ficar atentos a isso. No Brasil se tem uma mania de generalizar para poder justificar as mudanças. Contudo, o país tem múltiplas realidades e a escola tem que estar atenta a isso. E este é o papel dos governos estaduais e municipais.
Em grande parte, a educação pública, mesmo a privada, não tem conexão com a comunidade a qual serve ou está localizada. As escolas são ilhas que mal se comunicam com a população e vivem seus dilemas e problemas. Estas questões deveriam ser debatidas dentro da escola e ter a ciência, o conhecimento, como orientação.
A escola deve ser um meio, instrumento, de intervenção na comunidade. Um ambiente para aliar conhecimento, ciência, e realidade social. Por isso, a qualificação dos professores é questão fundamental. Sem um preparo dos profissionais da educação como vamos interferir de maneira inteligente na realidade das comunidades com sua realidade própria?
Se queremos tanto uma educação que gere mudança, temos que pensar nisso.
Notícias da mesma editoria
Opinião
Opinião
Opinião
Respeitamos sua privacidade
Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade