Olá, pessoal, hoje vou abordar a eleição a prefeito de Maringá de 1960, a mais equilibrada de nossa história.
Inscreveram três candidatos: Vanor Henriques, João Paulino Vieira Filho e Jorge Ferreira Duque Estrada.
O advogado e ex-vereador Jorge Ferreira Duque Estrada liderou uma campanha em que os principais candidatos a vereador vinham do mundo sindical. Seu programa tinha forte acento trabalhista. Sua campanha ficou marcada pela contundência de seus discursos. Dizia-se que ele estava sempre pronto a “sentar a pua” nos adversários. O estilo atraía a atenção, mas não garantiu votos para ameaçar o favoritismo dos outros dois concorrentes.
O empresário Vanor Henriques era homem acostumado ao trato com questões comunitárias, pois era enfronhado nas lides do Rotary Club. Vanor também tinha experiência no mundo da política partidária, pois havia sido vereador em Cambará. Na campanha a prefeito de Maringá, incorporando o tom da campanha presidencial de Jânio Quadros, Vanor Henriques vocalizou um forte discurso de moralização da administração pública.
A candidatura de João Paulino era esperada desde 1956. Como promotor de Justiça que instalou a comarca de Maringá, gozava de elevado prestígio público. Sempre envolvido com os esportes, também tinha popularidade. No universo político, tinha o apoio do governador Moysés Lupion. Além disso, com sua voz metálica e acostumado com os tribunais de juri, era um grande orador.
Segundo a historiadora Ivani Omura, aquele foi um certame de grandes surpresas, pois, encerrada a votação na sede do município, o vencedor era Vanor Henriques. Só após a apuração das urnas de Ivatuba, Floresta e Floriano é que se assegurou a vitória do candidato João Paulino. Sem essas urnas, Vanor venceria com vantagem de 87 votos.
Abriu-se uma polêmica, pois a lei 4.245, de 25 de julho de 1960, havia desmembrado o município de Maringá e criado os municípios de Ivatuba, Floresta e Paiçandu. Como a implantação desses municípios ocorreu apenas em novembro de 1961, no intervalo, os eleitores daquelas localidades votaram para prefeito de Maringá. A coordenação de campanha de Vanor Henriques entendeu que isso estava errado e questionou o resultado na Justiça, mas a ação jurídica não prosperou.
Seis décadas depois, o tema ainda gera debates, mas vou compartilhar a minha interpretação. Entendo que o resultado oficial estava de acordo com as normas jurídicas, pois não pode haver vazio administrativo. Enquanto aquelas localidades não implantavam o município, os seus moradores eram cidadãos, com todos os direitos e deveres, do município de Maringá. Efetivamente, o vínculo com nosso município só expirou um ano depois. Portanto, João Paulino, de fato e de direito, foi eleito prefeito para fazer história e ser reconhecido como o grande líder político das primeiras décadas do nosso município.