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Vivemos a ética de Dom Quixote
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 20/09/2022 - 08:46O que seria um ser humano de bom senso, aquele que pensa no bem comum? Como podemos definir uma pessoa ética e de responsabilidade com a sociedade onde vive? Como nós poderíamos encontrá-lo?
Seria difícil. Porque o conceito do supremo bem, como afirma Platão e Aristóteles, não seria fácil de identificar diante de uma perspectiva cada vez mais particular do que é o bem ou o mal. Ainda mais quando algumas pessoas veem o mal onde não tem ou constroem uma realidade paralela e se alimentam dela.
Diria que o comportamento ético de hoje em dia está mais para a aventura romanceada de Dom Quixote de La Mancha, o clássico de Miguel de Cervantes, onde cada um constrói o seu “dragão” de moinhos de vento e o vai cultuando em suas lutas, vendo “donzelas e prostitutas”, sem considerar o termo literal da palavra e sim a metáfora que nela cabe.
Agora estatística virou ficção e a realidade uma ilusão. A verdade vem dos sonhos e a alucinação é matéria prima de construção das ideias proferidas por loucos em sanatórios. Até os sóbrios começam a ficar em dúvida sobre a sua sanidade mental.
A única coisa que tenho certeza, por mais que as vezes duvide, é que esta emergência de bestialidade e ignorância é fruto da falta de racionalidade. Nos falta aquela orientação fundada na virtude da inteligência, a chamada educação de fino trato.
Tudo me parece como se os piores alunos da escola, aqueles que abandonaram os estudos, os quais ninguém mais esperava grande coisa e que já tinham se convencido de que estavam reprovados para uma vida escolar tivessem feito um motim e tomado a sala de aula. Sequestraram a inteligência e executaram a sentença de morte ao professor. Escolheram os de sua pior espécie e colocaram como opção e modelo para o que se chama de boa educação.
Por isso, se você e daqueles que se sente deslocado, com uma vontade imensa de gritar e prefere ficar calado porque sente o risco de poder ser linchado, você está com a razão, mas é melhor, pelo menos por enquanto, não se pronunciar. Esperar pelos bons ventos que tragam a paz e a lucidez.
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