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Opinião
Violência não se cura com antitérmico
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 03/05/2023 - 17:34
Superficialidade para entender a violência
Agora existe uma onda de defensores de leis mais rígidas para reduzir a criminalidade no país. Se considera que há uma frouxidão nas condenações de criminosos. Deveríamos ter penas mais pesadas para determinados crimes.
Outros defendem o armamento da população civil. Permitir o acesso as armas para uma grande parte dos brasileiros se protegerem diante da possível violência. Prevenir armando a população.
Esta é a saída da chamada causa efeito.
Vamos fazer uma comparação, para quem tem uma gripe passageira é sempre bom tomar um antitérmico, um remédio para amenizar os sintomas. Por um motivo simples, você sabe que um quadro gripal tem um ciclo e que ele vai passar. Ninguém, pelo se espera, vá morrer de uma gripe comum.
O que é irônico nesta comparação está a consideração da violência no Brasil como uma gripe. Aparato de segurança e leis mais rígidas são antitérmicos. Alivia e não resolve a questão da violência.
Enquanto não se criar um tratamento adequado a violência, nada se resolve. Tudo se adia, se empurra com a barriga.
O mau exemplo do tráfico
Veja o tráfico de drogas, os entorpecentes mais pesados e de maior lucratividade são adquiridos pelos mais ricos. Eles são os principais consumidores de drogas. O tráfico trabalha para eles. Para atender sua demanda.
Para exercer a estrutura de produção e comércio ilegal, o arregimentado é o mais pobre. Se temos um grau de violência significativo praticado pelos mais pobres que compram drogas, como combater a violência?
Lembre-se que os crimes contra pessoas e patrimônio, assim como o desgaste das estruturas públicas, hospitais e aparato de segurança, consomem bilhões de reais por ano. O prejuízo é grande para combater a violência e o tráfico.
O problema não é de fácil solução. O que não se pode é ficar remediando, camuflando o problema.
São necessárias pesquisas profundas sobre os fatores sociais e econômicas que geram o ambiente para a proliferação do tráfico. A partir destes dados se tomar uma providência racional e lógica, para com medidas sensacionalistas, pirotécnicas e populescas.
Para se combater a violência é necessário racionalidade e ação assertiva, como tudo na vida, e não de bravatas, gritos, apelos morais de superficialidade, fáceis de entender e sem qualquer fundamento lógico.
Não se resolve problemas reais com fantasias morais. Eficiência na gestão da vida pública ou privada é conhecimento científico, profundidade de compreensão e responsabilidade de ação, o que falta, e muito, neste país.
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