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Somos afro, também
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 19/11/2024 - 08:00
Preconceito é problema histórico.
O preconceito racial no Brasil é uma questão histórica e isso todos nós sabemos. Nossa origem social escravista deixou marcas profundas e que se expressam das mais diferentes formas. Seja na desigualdade de renda, na violência, nos problemas de saúde e na desigualdade educacional, há a expressão de preconceito.
Resumindo, todos os números que envolvem problemas na sociedade brasileira a população preta tem participação considerável. Mais que isso, o preconceito racial é crime inafiançável e, mesmo assim, cresceu 50% em 2022.
O preconceito acontece em todos os lugares, do ambiente doméstico ao profissional. Se expressa no emprego negado a uma pessoa por ela ser negra; na promoção que não é dada pelo mesmo motivo; no salário desigual dentro de uma empresa para pessoas que cumprem a mesma função, mas uma é branca e a outra é negra.
Se desdobra para as brincadeiras desde da infância envolvendo e associando a cor da pele aos comportamentos considerados imorais, degradantes, imbecilizados e anti-higiênicos.
Inúmeros preconceitos em inúmeros lugares.
Vai do julgamento prévio entre o ser negro e a renda, desde a diferença de tratamento em um bar, uma loja, um shopping ou um clube de lazer. O que entra no estabelecimento em busca de um produto ou serviço em muitos casos tem tratamento diferenciado dependendo da cor da pele.
Enfim, poderíamos ficar aqui passando uma lista de ações de preconceito típicas do dia a dia. Práticas que você já presenciou e espero não tenha praticado. Se praticou, repense e não repita. Não contribua para a violência que nega nossa origem e o que nos deve dar orgulho e não repulsa.
Somos um país de origem afro, mais de 56% dos brasileiros são pretos. A maioria de nós tem origem afro. E não é só a genética, é a cultura, a forma de expressão de elementos cotidianos, da cor, da fala, do alimento e na música.
Temos preconceito contra nós mesmos.
No final, estamos tendo preconceito contra nós mesmos, nossas origens, estamos nos negando. Queremos nos afastar do que somos para idealizar o que jamais seremos.
A luta pelo branqueamento racial é um discurso idealizado no processo e após a abolição. Muitos desejavam que o país incentivasse a imigração de europeus para “apagar o passado negro”. A visão míope de si mesmo ainda contamina o país.
A incapacidade de ter consciência do que se é impede avanços fundamentais de superação de problemas que esta mesma origem criou. As sequelas da escravidão não será superada esquecendo-á, mas, encarando e compreendendo a sua dimensão e desdobramentos. Rompendo com suas heranças e superando seus problemas.
Enquanto isso não acontecer, não vamos ter soluções, mas aumentar um dos nossos maiores problemas, o preconceito.
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