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Opinião
Os alemães foram marcados pelo nazismo. Oito milhões de judeus morreram no holocausto. Um fato difícil de esquecer. A Alemanha não esquece. Temos que aprender com nossos erros. Contudo, se o massacre aos judeus representou um ato extremo de discriminação e ódio, ele não é um fato isolado. Não foram só os germânicos que praticaram em sua história o extermínio.
Os chineses, japoneses, turcos, norte-americanos, nós mesmos, brasileiros, temos em nossa formação marcas de extrema violência, “sangue nas mãos”. Temos que admitir e aprender. Não se pode colocar para baixo do tapete que a história humana é escrita com violência. Buscamos ao longo do tempo a civilidade para evitarmos novos massacres.
O instinto muitas vezes deseja a reação mais agressiva possível. No Código de Hamurabi, escrito a milhares de anos, na antiga Mesopotâmia, se afirmava que o malfeito deve ser pago com a mesma moeda, olho por olho, dente por dente. Cultuamos o desejo de ver aquele que nos fez sofrer sentir na pele a mesma dor.
Porém, a regra do convívio social e civilizado, nos fez dar autorizar o Estado a ser o único a ter o direito do uso da força de forma legítima. Seguindo regras de conduta, dosando o peso da mão na proporção da ordem que deve ser estabelecida. Devemos negar o direito da “justiça pelas próprias mãos” e delegar ao Estado que cumpra seu papel, puna.
Queremos preserva a liberdade dentro de um ambiente de civilidade. Preservar a vida e não considerar a morte uma saída para nossos embates ou desejos de justiça. Na sociedade dos iguais, espelhamos no outro a autorização dos nossos interesses e desejos. Se não queremos a nós, não devemos praticar para o outro. Se agimos em nosso interesse e afetamos outra pessoa, temos que pagar pelas consequências dos nossos atos.
Lamentavelmente, na atualidade, o “animal humano” tem sido exaltado. Estimulado como condição de busca da vontade mais torpe. Esquecemos de formar seres humanos para o convívio em sociedade onde eles devam entender que há limites. A velha questão da ética: “querer, dever e poder”. Nem tudo o que queremos podemos ou devemos ser fazer.
Nas retóricas da liberdade banalizada e divulgada das mais diferentes formas, seja em uma campanha publicitária ou na orientação de um livro de autoajuda, existe a permissividade como um direito individual e absoluto do ser em si. Dane-se os outros e as consequências do que quero. Faço e não penso. Se devo ou não, é um dilema banal.
Por isso, o radicalismo impera e convoca seus membros a se agruparem sem se importar com os riscos que se corre ao eliminar opositores ou divergentes. Pois os limitados da atualidade idolatram a si mesmo diante do espelho e não se acostuma a enxergar e respeitar nada que não seja um reflexo de suas vontades.
Precisamos parar de produzir estes seres egocêntricos e transformá-los em dominantes. A vida tem ficado insuportável com a multiplicação da intolerância e da dificuldade de um diálogo coerente.
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