Opinião
Opinião
Quanto vale o poder?
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 26/03/2021 - 14:26Quantas vezes entrevisto homens públicos que justificam seu trabalho na política como uma abnegação. Dizem que se dedicam por amor ao povo e pela necessidade de mudança. Sua dedicação, já ouvi isso, seria sem pretensões. Como na fala “tosca” sobre os professores, há quem afirme que a política é um sacerdócio.
O sentimento de satisfação humana em estar no comando de outros existe e com este sentimento não se brinca. Ele pode embriagar. Virar vício, estimular e justificar atos desmedidos. Afinal, qual é a medida de quem tem o poder?
Fora isso, o grupo seleto dos que se consideram escolhidos para a governança tem rituais, virá clã ou casta. Tende-se a se perpetuar através da hereditariedade. Mesmo que o herdeiro seja desprovido do mínimo de qualidades para assumir o comando.
A grande questão é que, o poder conquistado exige sacrifícios. Há que se entregar a ele e mantê-lo. Não é a permanência no meio da “escada das alturas", são os degraus que ficam inseguros se você quiser ficar pelo meio do caminho. Se tem um lugar onde a frase tem razão é lógica, “a fila anda”, é a função de poder.
Para quem é bem sucedido nele, com exceções, e lembre-se, elas são sempre a minoria, a dignidade é um dos primeiros objetos de troca. Nunca assumida, sempre negada, criticada e praticada, faz parte da regra do jogo. Aquela história de “vender a alma ao diabo” se encaixa aqui.
Porém, e contudo, o poder tem sustentação, as forças que o mantém. Inúmeras na medida em que se ascende por um maior número de pessoas e território, quanto mais força a sua decisão tem de impactar a vida humana. “Se sentir Deus é perceber a força dos súditos”, perder o poder é não saber se manter sobre as forças que lhe sustentam. Logo, o poder não é nada sem função.
A eficiência do poder não está nas mãos de quem o exerce, mas na capacidade de gerar resultados sobre os comandados. Por mais que o interesse a ser atendido não seja da massa que se subordina.
Homens públicos falam aos quatro cantos que “vivem para o povo e pelo povo” . A retórica desgastada é ilusão para dar aparência e esconder a essência da função. O que mantém o poder são as relações de sustentabilidade e de eficiência na execução do que interessa e é interesse.
Nas empresas, por mais que o poder não seja escolhido, em regra, na maioria das empresas familiares, predominantes no Brasil, o comando é quem escolhe e se sustenta na eficiência do mando. Mesmo assim, ele tem seu preço a pagar na hora de dar eficiência aos atos. Se não gerar resultado sentirá na própria pele seu fracasso. Claro que levará inúmeras pessoas juntos.
Precisamos ficar mais atentos a lógica do poder e deixarmos de idolatrar os personagens que ascendem ao comando. Há um fator que os sustenta, uma relação que dá base para a manutenção do poder. É a isto que temos que ficar atentos.
Notícias da mesma editoria
Opinião
Opinião
Respeitamos sua privacidade
Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade