Pessoas não são objetos
CBN Maringá

Opinião

Pessoas não são objetos

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 21/01/2025 - 08:00

Coisas da vida…

Maria Júlia considera a possibilidade de Luis Gustavo ter outra pessoa. Segundo ela, “ele está estranho ultimamente.” 

Mas, o quanto estranho Luis Gustavo está? O que causa esta mudança de comportamento em um ser “tão previsível”, para Maria Júlia? Ela não tem dúvida, ele não responde aos seus comandos da mesma forma. Não reage como o esperado. 

Descrevendo o que ela chama de “patologia repentina do marido”, vê brotar um ser humano mais confiante, mudando de temperamento. Segundo a esposa angustiada pela possibilidade de estar sendo traída, Luis Gustavo está mais sorridente, parece feliz. Ele não é assim normalmente.

Um terror quando a normalidade é a infelicidade previsível. 

Certa de que está sendo traída, os sintomas demonstram isso, Luis Gustavo que vive de migalhas afetivas parece estar se lambusando em um mar de afeição. Quem estaria fornecendo a ele esta abundância? “Com certeza há alguém na vida deste homem!”

O que faz Maria Júlia ter certeza da traição do marido é que ele está fora de controle.

Pessoas têm vida própria.

Independente se há ou não alguém, assim como Capitu na obra de Machado de Assis, o que temos que considerar é que o que chamamos de amor pelo outro pode estar carregado de controle. 

Nos sentimos traídos porque as pessoas fogem do esperado, mas amamos só o que nos faz o que esperamos o que não existe independente de nós. Isso é controle, não é amor. 

Logo, nosso relacionamentos são prisões onde mantemos os que chamamos de seres amados, mas, na prática, aprisionados. 

Essas pessoas, na prisão emocional de nossos vínculos, acabam como objetos que colecionamos. Quantos objetos que decoram nossa casa, alguns, ficam ali, decorando nossas vidas e colocados no lugar que desejamos. Com o tempo, passam despercebidos, estão ali, mas não se nota mais. 

Quando um destes seres decorativos de nossa vida foge ao controle, resolve ter vida própria, nos consideramos traídos. Pessoas não são objetos e vivem além de nós. Não orbitam nossa existência, convivem conosco.

 

Respeitamos sua privacidade

Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade