Opinião
Opinião
Personalismo emperra obras públicas
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 27/09/2019 - 10:33Na história da República há sempre os personagens que desejam estar acima da função que exercem. Como se o poder em si não tivesse que se justificar pela representatividade que lhe colocou à frente do cargo público. No Brasil isto é muito comum, o personalismo é marca registrada de muitos homens públicos.
Nesta defesa de si acima da função se esquece das obrigações com a população. Obras públicas, por exemplo, empenhadas em governos anteriores são abandonadas. O “novo governo” com velhas práticas age como se não houvesse passado. Personifica seus atos de gestão e rompe com projetos e planos elaborados de forma coerente pelo antecessor.
Um exemplo disto é o que está acontecendo com o Hospital da Criança em Maringá. Uma obra necessária que foi anunciada em 2017. No governo estadual que antecedeu o atual já havia previsão e recurso separado para a construção da unidade de saúde. Mas agora, o atual governo diz não ter empenho, recurso programado. A prefeitura municipal também tirou do orçamento e há a possibilidade de o Hospital da Criança ter sua construção interrompida.
A prática é comum em todo o país. Típica das sociedades onde a administração pública não tem como orientação para sua função aquilo que a racionalidade descrita para o cargo exige. Se governa mais pela sensação imediata do poder, pelas decisões simplificadas na vontade do líder do que da necessidade da população. Se considera que aquilo que o povo pede como necessário seja interpretado com ações remediadas e não atos de solução definitiva.
Nós cidadãos temos nossa responsabilidade. Nos relacionamos com o poder apenas no momento da escolha do líder. Não exercitamos o acompanhamento e avaliação constante daquele que nos lidera. Esperamos a ação do mandatário e não cobramos as ações necessárias. Não colocamos constantemente a nossa vontade. Aquilo que consideramos necessário.
Fazemos constantemente o pacto medíocre de aceitar que o personagem se eleve acima da função. Desta forma, se mantém pelos atos imediatos e pirotécnicos que encantam. Nos empolgamos e elegemos o festivo. Porém, nunca vamos ter uma solução para aquilo que é anunciado como problema de fato. Gastamos boa parte de nosso tempo na alegoria dos atos personalistas e não percebemos o quanto estamos nos distanciando do caminho que poderia resolver nossos dilemas.
Notícias da mesma editoria
Opinião
Opinião
Opinião
Respeitamos sua privacidade
Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade