O tamanho da desigualdade no Brasil
CBN Maringá

Opinião

O tamanho da desigualdade no Brasil

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 28/09/2021 - 08:00

30% dos brasileiros precisaram do auxílio emergencial. Isto não é um bom sinal. Por falar em sinais, a pandemia denunciou inúmeros deles que já nos acompanham faz tempo. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que 68 milhões necessitaram receber do governo federal o auxílio-covid.

Antes da pandemia, já era claro que parte considerável das famílias tina renda diária abaixo de US$ 5,50. O que coloca, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), coloca o país com uma população de quase dois terços abaixo da linha da pobreza. Parte considerável, 20%, na pobreza extrema.

Não por caso o país está entre os dez mais desiguais do mundo. Na América Latina não há quem tenha uma desigualdade maior que a nossa. Segundo o índice Gini, que mede a distribuição de renda, com uma medida de zero a 1, estamos com 0,539. Somos mais desiguais que a Botsuana (0,533). Para se ter uma ideia de nossa desigualdade, os 1% mais ricos do país possuem o dobro da renda dos 40% mais pobres. Discrepância que vem crescendo nos últimos anos.

Enquanto esta desigualdade existir na proporção que temos, nada pode ser resolver e não há problema que podemos enfrentar sem sofrimento. A pandemia agravou nossos males e expôs nossas feridas. Isto não é um momento é uma herança maldita e corrói o futuro de grande parte dos brasileiros.

O governo federal gastou R$ 321,8 bilhões com o auxílio emergencial. Salvar o imediato por não ter investido nas permanências. Se consideramos um montante significativo o gasto com a emergência, não podemos deixar de lamentar a ausência de investimentos para a prevenção e qualificação. Pensar no futuro e agir no presente sempre foi um dilema ao longo da história.

Claro que sempre haverá tempo para prevenir. Podemos ter ações que tragam respostas duradouras. O que resta saber são quantos se beneficiam das condições atuais que vivemos. Mesmo que numericamente menor, os privilegiados podem deter uma força suficiente para continuar se beneficiando de um mal e anestesiar a dor que ele provoca.

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