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Vivemos sempre sonhando, até demais. Pensando em possibilidades que não existem, em uma vida que não vai se realizar. Isto nos move. Será que sonhar faz bem ou sufoca a realidade ao ponto de morrermos de overdose?
Quem muito sonha tropeça por ficar olhando para o céu. Contemplando o que não se sustenta, os sonhadores esquecem de sustentar a sua própria existência. Paga-se o preço da ignorância do caminho que se percorre. Hoje, nós nascemos para sonhar, isto é perigoso.
A geração de 60 anos nasceu em um ambiente para o trabalho. O sonho se lançava sobre as bases primordiais de que é preciso ter chão para se sustentar antes de se lançar nos devaneios. E o calo nos pés doíam para nos lembrar que há um limite e que a vida real, com seus dilemas, merece atenção.
Na sociedade onde a principal função e desejo da maioria é consumir, a busca da aquisição é a realização de todos os sonhos se realiza ao consumir. Ironicamente tudo o que desejamos consumir está a venda, oferecido como mercadoria. Logo, se quer e para isso a ilusão de que basta comprar. Apenas se esquece que toda a compra requer um pagamento, e pagar implica em ter dinheiro para adquirir. E ter dinheiro é condição de quem trabalhar, o que poucos associam.
Estamos diante da inversão da análise da realidade. Antes, se tinha que perceber a vida para sonhar. Agora, se quer sonhar para viver. Se o sonho impulsiona, há que se ter os pés no chão para poder caminhar. Um sonho só se sustenta, assim como um sonhador, se ele estiver uma vida real para viver, nem que seja sonhando.
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