Comentário
Gilson Aguiar comenta manifestação da Igreja contra a abertura do comércio aos domingos
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 05/12/2017 - 08:40As instituições religiosas têm um papel político fundamental na história humana. Em diversas civilizações elas já representaram a própria essência do poder. No Brasil, a Igreja Católica já foi parte da administração pública, com forte influência sobre as decisões políticas. Na Monarquia (1822 a 1889), o Padroado determinava o Imperador como chefe da Igreja no Brasil, uma herança portuguesa, de tantas, que prevaleceu e se extinguiu na Proclamação da República. Contudo, a influência política da Igreja Católica continua até nossos dias.
Enquanto instituição social as igrejas desempenham um importante papel. Sua expressão política é uma das características saudáveis da democracia. Porém, não voltaremos mais, assim se espera, nos tempos da monarquia. Não há que dar tratamento diferenciado às instituições religiosas diante das instituições laicas. A fé é uma escolha e não uma imposição. Também é da escolha de cada um a defesa dos interesses ou não defendidos pelas lideranças religiosas.
Agora, particularmente, especificamente a Arquidiocese de Maringá e o Conselho de Leigos e Leigas, assinaram documento em crítica a abertura do comércio aos domingos. Os principais argumentos do documento é que esta prática não promove empregos e desrespeita dos direitos dos trabalhadores. Também, tira o convívio com a família, o descanso do trabalhador. Ao final, argumenta que o próprio exercício da fé é prejudicado nos encontros dominicais.
As entidades convocam os fiéis a irem à Câmara de Municipal nessa quarta-feira (06) defender um projeto de lei que quer rever e impedir a abertura do comércio aos domingos. Nas redes sociais as opiniões se dividem; contra e a favor. Isto é a democracia.
Logo, temos que levar em consideração que, mesmo que o principal templo católico esteja no centro da cidade e seja o seu maior monumento, estamos na República. O poder é laico. A economia vive da possibilidade da geração de riqueza, até mesmo para garantir a sobrevivência dos seres humanos, fiéis e não, uma determinada igreja.
Temos que considerar que o trabalho aos domingos não é uma escravidão do trabalhador. Ele pode se negar ou aceitar a trabalhar. Uma escolha, assim como a fé que professa ou a igreja que frequenta. Se o trabalho o satisfaz, assim como a igreja lhe faz bem, ele é livre. Vivemos em uma sociedade liberal. Por isso, protestar é um direito e as escolhas também. O comércio aos domingos tem se consolidado como uma prática econômica bem sucedida. Como as missas aos domingos. As duas nos sustentam, o corpo e a alma. Uma questão de escolha.
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