Gilson Aguiar comenta a superlotação e a violência no Brasil

Comentário

Gilson Aguiar comenta a superlotação e a violência no Brasil

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 17/11/2017 - 08:55

53 homens estão presos na 9ª SDP, Subdivisão Policial de Maringa. Além deles, em outro local, 36 mulheres estão detidas. São presos demais para espaço de menos. Para o local onde há 53, o espaço é para apenas 12. Mas a lógica dos aprisionados é a mesma dos detritos, resíduos, lixos que descartamos, não temos a menor ideia de onde estão, para onde vão. O que queremos é nos livrar deles.

Contudo, diferente de detritos, resíduos, são seres humanos. Uma parte das pessoas gostaria que não fossem para poder agir com violência e punir de forma extrema. Porém, se fossem considerados como animais, em extinção ou de estimação, a maioria se comoveria e faria protestos contra os maus-tratos. Temos desprezo a vida humana quando o assunto é preso.

Gostaria apenas de lembrar, que se não somos capazes de respeitar a vida, temos que pensar que diferente dos animais os seres humanos têm a capacidade de arquitetar a vingança. São potencialmente uma espécie que reage de forma inteligente ao desprezo. Estamos, cada vez mais, preparando os presos em celas superlotadas para agredir. Se não temos compaixão, porque esperamos que eles tenham em relação a nós?

Outra infantilidade é prender para acabar com a violência. Temos que deter, mas há uma ilusão de que um dia os criminosos vão se extinguir. Tolice, a miséria produz marginais em uma proporção muito maior do que a detenção. Haverá sempre pessoas disponíveis ao crime como alternativa de vida. Ou acabamos com a miséria ou nunca reduziremos o número de detentos.

Por isso, os que desviam recursos públicos e roubam oportunidades, acabam provocando a morte de mais pessoas e são proporcionalmente mais criminosos do que os bandidos retratados e aprisionados no dia a dia. Mas para corruptos há sempre mais direitos e garantias. Há mais justiça onde se pode pagar por tê-la. A mais violência, onde o direito não pode ser exercido.

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