Comentário
Gilson Aguiar: ‘Caso de assédio por professores na UEM denuncia abuso e política’
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 29/03/2018 - 08:56Assédio: sexo e política
Dois professores foram punidos por assédio sexual dentro da Universidade Estadual de Maringá. Contudo, a punição aplicada pelo reitor da UEM não agradou e gerou manifestações de repúdio. Uma comissão processante orientou para que um dos professores fosse exonerado e o outro afastado por 90 dias. O reitor preferiu reduzir a pena. Afastou um e repreendeu o outro. Mas como entender o assédio em uma instituição educacional?
Quantas fantasias rodeiam a vida em sala de aula? Do amor a professorinha nos primeiros anos de escola aos amores apaixonados pela intelectualidade docente na academia. Quem não teve um grande amor em sala de aula? A paixão a moça bonita, que quase todo mundo gostava e parecia impossível, ao rapaz boa pinta que fazia sucesso entre as meninas. A vida na trajetória da escola é carregada de romances e desejos. Há também as fantasias. Destes delírios quase ninguém escapou.
Mas há excessos. Há quem passe além da conta, do limite, do tolerável. O abuso existe. Ser professor abre espaço para ingressar no imaginário discente. O aluno pode amar e odiar seus mestres. De uma forma ou outra eles são modelos, inspiram, transpiram, ou causam repúdio ou admiração.
Sou professor formado na área de humanas. Já tive meu tempo de funcionário e professor de instituição pública. Neste ambiente há um ingrediente a mais, além da paixão, sedução ou sexualidade, a política. A ideologia como orientação e conduta. O quanto nossas defesas ideológicas nos tomam os sentimentos e, até mesmo, os desejos?
Não se pode negar a tendência de esquerda na formação da área de humanas dentro da universidade pública. Me formei afogado nas teses da crítica ao capital. Se não a ele, as condições que se gera em uma sociedade de mercado. Ser de direita é quase um pecado quando se tem um ninho de formação marxista.
No caso dos professores da UEM que praticaram assédio, se afirma que eles estão sendo perseguidos politicamente. Que são docentes isolados dentro do Departamento de História por sua postura de direita. O que pode ser verdade. Mas o assédio se comprova. Porém, não é exclusivo dos que são de direita. Ele também ocorre entre os docentes de outras correntes ideológicas. A perseguição por assédio pode ter ingredientes políticos, mas se sustenta em fatos e não em boatos. A possibilidade de um romance e do assédio existe na vida acadêmica. E a política, desejo e emoção se misturam. Porém, é sempre bom lembrar, raramente se separam.
Costumamos perseguir e odiar o inimigo ideológico. Também, nos acostumamos a se aproximar e se relacionar com quem compactuamos politicamente. Contudo, nada justifica o assédio. Quando um não quer, o outro não pode insistir. Se temos inimigos políticos e ideológicos, temos que tomar cuidado em dobro. Porque na política e no amor, nem sempre há limites. E nossos erros serão cobrados com toda a intensidade em um ambiente onde a disputa política, vaidade e emoção dão o tom.
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