Josemar Goncalves/Tripe Fotografia/Agencia O Globo

Democracia não é violência

A caravana do ex-presidente Lula percorreu o Sul do Brasil. Passou por 19 cidades nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Em várias cidades o petista foi mal recebido. Manifestações de protestos, o que é democrático, mas confrontos, inclusive físicos. Há fotos espalhadas pela internet falando de agressão contra Lula. A ação mais recente é a de tiros nos ônibus da comitiva.

Violência não combina com democracia. Se queremos preservar o direito de escolha, temos que dar o direito a expressão e debate de ideias. Não podemos impedir a manifestação. A liberdade impedida ao opositor se tornará um impedimento legítimo também a nós. Toda e qualquer forma de agressão pode legitimar o extremismo. E isso é o que menos devemos defender.

A condenação do ex-presidente e sua prisão estão tramitando no Judiciário. O Supremo Tribunal Federal decidirá no próximo dia 4 o futuro do ex-presidente. Por mais que muitos dos brasileiros se sentiram traídos pelos ministros de justiça com o adiamento da decisão e a possibilidade de Lula continuar livre, não cabe a ninguém fazer a justiça pelas próprias mãos. Cabe a cidadão cobrar que ela seja feita pelos órgãos competentes.

Os mesmos que criticam a esquerda petista de extremismo, de querer fazer do país uma Venezuela com um governo ditatorial, acaba por trilhar o mesmo caminho com atos de violência e busca de extermínio. Quem radicaliza e age além das normas acaba por desrespeitar a própria lei. Não se joga as instituições no lixo junto com os resíduos que ocupam cargos dentro dela.

Temos que aprender a preservar as instituições e mudar os personagens que habitam seus espaços. A democracia e a política não são um mal. Há relações perniciosas e maldosas. Isto é que devemos mudar.

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