Gilson Aguiar: 'a liberdade tem um preço caro'

Comentário

Gilson Aguiar: 'a liberdade tem um preço caro'

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 28/06/2018 - 08:07

Sábado, dia 30, será feita uma manifestação em nome da paz, segurança e justiça. A manifestação é em lembrança de Maria Aparecida Pacífico, a professora que foi assassinada no dia 23, em sua residência, enquanto dormia. O assassino era um morador de rua, inclusive que ela já tinha ajudado em sua obra social.

Desejamos a liberdade. Ela nos dá a dimensão da importância da vida, do quanto ela pode ter inúmeros significados e o que podemos construir com o direito de ir e vir. Há também a liberdade de expressão, o direito de nos manifestarmos, ninguém é obrigado a ficar calado diante da injustiça. A democracia é o momento maior do direito de escolha. Qual é o limite de ser livre?

Não podemos nos enganar, a sociedade avança, melhora, supera seus limites, ganha civilidade graças à liberdade. O ser humano respeita porque aprende a conviver. Se relacionando com os outros aprendemos os nossos limites, descobrimos quem somos e aprendemos a conviver com os outros, os diferentes. Na vida social, nesta convivência com a diferença, aprendemos a construir nossa identidade. Aquele sentimento fantástico de ser único e de não estar sozinho.

Porém, não é fácil a defesa da liberdade e sua manutenção. Ela tem seu preço, às vezes, caro. O encontro entre as diferenças humanas nos traz à tona o lado bom e ruim de cada um. A educação para a civilização não é um processo harmônico e feliz. Tem conflitos, atos injustos, a morte dos inocentes. Quem está à frente da busca pela melhora humana paga, às vezes, com a vida o bem que idealiza. Liberdade é casada com a insegurança.

Viver em uma sociedade em que a liberdade é um direito é conviver com a instabilidade e a imprevisibilidade. Somos surpreendidos com fatos como o que aconteceu com a professora Maria Aparecida Pacífico, Kaká. Ela tinha como uma de suas práticas constante a de ajudar as pessoas em condição de risco, marginalizadas. Acabou sendo morta por um dos que ajudava. Ela tinha a liberdade e a usou na busca da melhora da sociedade. Correu seus riscos.

Aqui nós temos que ter o olhar sobre o sentido maior da vida social, da ação de cada um diante dos outros. O ser humano no exercício de sua liberdade. Aonde se quer chegar? Esta é uma questão crucial. Kaká queria algo mais de uma vida, dá a existência um sentido que fosse além dela mesma. Era livre. Em sua vida, em seu trabalho, buscou melhorar a vida de muitos. Seja como professora ou alguém engajada em ações sociais. Entre os que vivem à margem há os imediatistas. Aqueles cuja vida é um dia após o outro.

Em um mundo livre as pessoas convivem, os riscos existem, a insegurança está presente. Se, queremos respeitar as pessoas que lutam para construir um ser humano melhor, não vamos defender o fim da liberdade. Apenas entender que construir uma sociedade melhor tem seu preço. Como falei, as vezes caro. Porém, ainda é a melhor forma de se ter uma sociedade melhor. Pior que perder uma vida de valor é eliminar todo o valor que uma vida construiu e destruir o seu legado.

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