Opinião
Opinião
Escravidão voluntária
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 19/04/2023 - 08:08O trabalho análogo a escravidão no Brasil está crescendo. Já comentamos sobre este tema aqui. Nos primeiros meses deste ano o crescimento de denúncias foi de 124%. Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego.
Grande parte das denúncias é de condições de exploração de trabalhadores na zona rural. O que mais impactou o país foram denúncias de exploração de trabalhadores em vinícolas famosas no Rio Grande do Sul.
O trabalho doméstico é outro ambiente onde as denúncias de condições insalubres e de violência no trabalho ocorre constantemente.
Ironicamente, dez anos atrás foi criada a Emenda Constitucional 72, ou a chamada PEC das Domésticas, que buscou regularizar e dar garantias as condições de trabalho no ambiente doméstico.
Contudo o número de trabalhadores nesta atividade está diminuindo, principalmente os que são registrados.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Penad), ocorreu uma queda de 4,3% do número de trabalhadores domésticos. Em 2013 eram 303 mil, hoje são 290 mil. Os que tem carteira assinada, em 2013, eram 28%, hoje são 22,8%.
A insegurança cresceu no trabalho. O que permite a construção de um ambiente de risco para trabalhadores que se sujeitam a esta condição por falta de outra oportunidade. Eles não têm saída.
Se não tem é preciso construí-la. E a saída seria o investimento em qualificação de trabalhadores adultos. Criar programas de melhoria do potencial profissional. Se possível com incentivo, para terem condições de estudarem e buscarem uma oportunidade melhor no mercado de trabalho.
Empresas precisam investir na qualificação profissional, seja através do Sistema “S”, ou criar dentro das instituições um programa de qualificação. Isto pode ser feito em conjunto com instituições de ensino superior através de programas de qualificação direcionados.
Se queremos acabar com a escravidão voluntária, se queremos proteger a dignidade humana, temos que dar condições de escolhas. Sem isso, não há uma sociedade de pessoas livres.
Notícias da mesma editoria
Opinião
Opinião
Respeitamos sua privacidade
Ao navegar neste site, você aceita os cookies que usamos para melhorar sua experiência. Conheça nossa Política de Privacidade