Envelhecer é destino de todos, mas não da mesma forma
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Opinião

Envelhecer é destino de todos, mas não da mesma forma

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 06/01/2025 - 08:00

Envelhecer é destino de todos.

Envelhecer, todos nós estamos condenados a isso. Muitos se seguram como podem, consideram a juventude campo eterno. Mas, o tempo é implacável, linear em nossa cultura. Pior, seletivo, discriminador, generalizador em nossa sociedade.

Um exemplo, é que a terceira idade no Brasil começa aos sessenta, na Itália é aos 75. Em outros países, ela pode variar entre 65 a 70. Enfim, tem gente que não se sente velha, mas está envelhecida socialmente, também, juridicamente. Em nosso país, o corte temporal é curto.

Porém, a maior crueldade está em percebermos que existe uma diferença biológica que é mais determinante. Não por acaso, você vai encontrar quem tenha 40 e aparenta ter 70. O corpo já demonstra limitações claras que para alguns só vai se estabelecer após os 75 anos. 

Logo, envelhecer é mais diverso e variável do que se imagina. 

A psicóloga e psicoterapeuta Angela Phillippini fala sobre a terceira idade com maestria. Em uma de suas obras, considera que temos que relevar aspectos distintos para definir o tempo de cada um. 

Temos a idade cronológica, a do calendário, dos aniversários, dos dias contados. Nela, todos viram um padrão. Mas, há uma idade celular, a do organismo, do corpo, do potencial físico. Esta distingue muitos e não se generaliza. 

Quem tiver acesso aos melhores recursos, um ambiente saudável, uma condição material que possa se reverter em cuidados, será distinto no tempo cronológico que não expressa o perfil da medida. Por isso, para muitos, se manter “jovem” é disponibilizado na “prateleira do mercado”, pagar para ter. 

Há, também, a idade social, a maneira como a sociedade cultua o tempo, a relação com o envelhecimento. Ou seja, como nos preparamos e vivenciamos o tempo. E neste sentido, o Brasil está engatinhando em saber lidar com as pessoas. Rotulamos sem conhecermos a condição humana,  sem entender como cada um envelhece. 

Este é um campo vertil para a agressão. E ela existe, nos mais variados lugares. 

Preconceito evidente é sinal de ignorância sobre o que é o envelhecimento.

Nas empresas o preconceito é evidente. A falta de paciência com as pessoas com mais idade é a expressão da discriminação generalizadora. Uma denúncia de despreparo para lidar e não perceber, reconhecer e valorizar o potencial das pessoas. 

Já presenciei inúmeras vezes pessoas com mais idade sofrerem agressão e ter a idade como fator de limitação para justificar uma repressão. 

Recentemente, vi um caixa de mercado ser tratado de forma agressiva por um erro e ser rotulado de velho na frente dos clientes. O despreparo dos gestores, daqueles que lidam com pessoas mais velhas é absurdo. Se uma rede de supermercados se compromete a ter a inclusão de pessoas com mais idade, deve estar preparado para isso. 

Aí há uma quarta forma de se levar o tempo de vida, o que Angela Phillippini chama de idade mental. A saúde ou não das pessoas em relação a envelhecer e estar velho. O desrespeito gera discriminaçã, por sua vez, rejeição. Ao final, depressão de quem se vê renegado, diminuído, ou excluído pela idade. Há que se educar para isso. 

O Brasil está longe de saber lidar com etarismo.

Por isso, temos muito o que aprender, nos preparar e saber conviver com o tempo. Vamos todos envelhecer. A grande questão para todos é: Como? 

E, não se esqueça, isso se aprende cedo. Não se esqueça, jovens convivem com pessoas mais velhas, há um convívio geracional que cresce e se multiplica. Quanto mais alguns buscam fugir dele, maior a possibilidade de um ambiente agressivo. 

Sendo assim, chegou a hora de aprenderemos a construir uma relação baseada na convergência e não na diferença. Por mais que exista a diversidade, a convivência é condição necessária e deve ser saudável e educativa para todos, seja onde for. 

 

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