Empatia não é se colocar no lugar do outro
CBN Maringá

Opinião

Empatia não é se colocar no lugar do outro

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 29/09/2025 - 08:00

O mito de “se colocar no lugar do outro”

É comum ouvir a expressão: “coloque-se no meu lugar”. No entanto, por mais bem-intencionada que seja, essa ideia é impossível de se realizar. A vida do outro é indivisível, única, intransferível. Cada ser humano carrega uma existência que não pode ser simplesmente vestida por outra pessoa, como se fosse uma camisa ou uma blusa. Mesmo uma peça de roupa, quando emprestada, pode ficar larga ou apertada, mas ainda assim é possível ser compartilhada. Já a vida, jamais.

O verdadeiro sentido da empatia

O que precisamos entender é que empatia não significa ser o outro, mas sim compreender o outro a partir da condição e do olhar que ele tem sobre o mundo. E isso só é possível sem que deixemos de ser quem somos, reconhecendo que a nossa interpretação da vida permanece singular.

Para alcançar esse nível de compreensão, não basta apenas ouvir. O grande problema é que a maioria das pessoas apenas escuta sons, sem realmente se aprofundar no que o outro está dizendo. Escutar de verdade exige atenção, reflexão e disposição para se conectar com o que é dito. É perceber como a fala de alguém pode iluminar aspectos da nossa própria vida, ou ainda permitir que enxerguemos a trajetória do outro de forma mais justa e respeitosa.

A singularidade das experiências humanas

Outro ponto essencial é reconhecer que ninguém vive exatamente a mesma experiência que outra pessoa. Mesmo diante de situações semelhantes, cada indivíduo interpreta e constrói sentidos diferentes a partir delas. É essa singularidade que torna impossível sermos idênticos uns aos outros.

Nossas vivências moldam o modo como compreendemos o mundo, e cada julgamento que fazemos carrega a marca dessa individualidade. O que consideramos certo ou errado nasce do lugar de onde olhamos a vida, marcado pela nossa história pessoal.

Ética, compreensão e convivência saudável

Diante disso, consenso e respeito às condições do outro tornam-se fundamentais para a vida em sociedade. A ética, em sua essência, está ligada ao reconhecimento dessa pluralidade de olhares. Ser ético é compreender que o outro não vê a realidade da mesma forma que você, e que essa diferença deve ser acolhida, não negada.

Na prática, isso significa buscar relações mais saudáveis em todos os ambientes, sejam pessoais ou profissionais. Afinal, compreender a perspectiva alheia é o primeiro passo para a construção de convivências mais justas, humanas e equilibradas.

 

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