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O assédio moral é uma realidade séria e persistente no ambiente de trabalho brasileiro. Em 2021, foram registrados 52.900 processos na Justiça do Trabalho relacionados a esse tipo de violência. Entre 2020 e 2023, os tribunais brasileiros julgaram 419 mil casos de assédio moral — um número que revela não apenas a dimensão do problema, mas também um aumento na disposição das vítimas em denunciar abusos.
A pergunta que surge é inevitável: o assédio moral e o assédio sexual estão crescendo? A resposta, provavelmente, é mais complexa do que parece. O que se observa é um aumento das denúncias, e isso pode significar um avanço. As pessoas estão se conscientizando de que não precisam mais aceitar violência, discriminação ou opressão no trabalho.
O tempo em que era necessário “engolir o sapo” ficou para trás. Cada vez mais trabalhadores e trabalhadoras compreendem que a dignidade não pode ser trocada por um salário, e que nenhum emprego compensa a humilhação, o abuso ou o adoecimento mental.
Há quem argumente que alguns processos trabalhistas são motivados por má-fé — por pessoas que buscam se esconder atrás da lei para evitar cobranças por produtividade. Ainda que isso ocorra em casos pontuais, esse grupo é minoritário. A maioria das denúncias vem de quem foi, de fato, vítima de violência, abuso de poder ou humilhação sistemática.
Esses casos não são isolados. O Brasil carrega uma cultura histórica de violência no trabalho, que tem raízes profundas em nossa formação social e econômica. Desde o período colonial, a lógica de exploração da força de trabalho moldou práticas autoritárias nas relações de produção. Em muitos ambientes corporativos, ainda persiste a ideia de que o trabalhador é uma extensão do dono da empresa, alguém que deve obedecer sem questionar.
Essa herança perversa distorce o sentido do trabalho. Em uma sociedade verdadeiramente justa, o trabalho é símbolo de dignidade e realização, não de submissão. Respeitar o trabalhador é reconhecer que o êxito econômico e social depende do esforço coletivo, e não de uma hierarquia de superioridade moral entre quem emprega e quem executa.
O trabalho e o trabalhador não são elementos marginais na construção de uma nação. São o centro de sua vitalidade, de sua ética e de seu futuro. Combater o assédio moral é, portanto, mais do que uma questão legal — é um compromisso com a humanidade que queremos ver florescer nos ambientes de trabalho do Brasil.
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