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Apedrejando a moral e pondo a culpa no santo
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 08/07/2021 - 09:25Ao longo da história são inúmeros os momentos de crise em que as explicações religiosas ou os atos justificados pela fé são exaltados. Na peste bubônica que assolou a Europa no Século XIV, conhecida como “Peste Negra”, relatos demonstram que era comum associar o mal a um castigo divino.
Se revoltar contra Deus também é prática comum durante os momentos de crise. A perda na fé se associa ao sentimento de abando. Afinal, se exalta o sacrifício de Cristo, mas muita gente não suporta ser humilhado ou “crucificado”.
A religiosidade ajuda a justificar a conduta ou a tentar escapar da culpa, transferir para os outros aquilo que deve ser assumir. Por isso, tanta mentira é antecedida ou legitimada com um “juro por Deus”.
Voltaire, filósofo francês, iluminista do Século XVIII, afirmava que se Deus criou o homem, este lhe pagou com a mesma moeda no dia seguinte. A inversão da lógica da criação a imagem e semelhança. De somos a criatura a imagem e semelhança de Deus, nós fizemos o nosso deus a nossa imagem e semelhança.
Não por acaso, a crítica do pensador francês se dava pelo uso da lógica divina moldada aos interesses dos homens. Como se pudéssemos selecionar quem merece ou não ser salvo. Se é que há salvação?
Diante dos mistérios que não entendemos da criação e o que buscamos entender, vale a lógica do grão de areia e o deserto, a complexidade da existência e do Universo. Dentro desta lógica, a conduta humana.
A associação entre a lógica religiosa e a conduta moral, há os atos de violência. Esta semana duas imagens de santas foram quebradas. Uma em Maringá e outra em Marialva, na Região Noroeste do Paraná. Ficamos perplexos diante do vandalismo, do desrespeito.
Bom, como ficamos então diante dos que citam as Sagradas Escrituras, frequentam templos religiosos, exaltam a divindade pacificadora e justa cotidianamente. Corrompem a ética que juraram cumprir.
Prefiro Voltaire, temos que pensar até onde somos criação e até onde somos criatura. Para quem professa uma religião ou não é sempre bom refletir de que “deus” está se falando. Se é aquele que fala ou o que falamos por ele.
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