Secretária de igreja evangélica que foi alvo de operação é presa em Maringá
Foto: Ilustrativa / Arquivo GMC Online

Trabalho escravo

Secretária de igreja evangélica que foi alvo de operação é presa em Maringá

Segurança por Fabio Guillen/GMC Online em 12/08/2021 - 17:58

A Polícia Civil de Maringá prendeu na tarde desta quinta-feira (12), a secretária da igreja evangélica que foi alvo de uma operação do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) em julho deste ano. Na época, três líderes da igreja foram presos acusados de comandar um esquema de vendas de pizzas utilizando trabalho escravo infantil.

A secretária, segundo a Polícia Civil, cuidava da parte financeira da igreja, bem como coordenava e fiscalizava a venda de pizzas por menores de idade em Maringá e região. A mulher, que não teve o nome revelado, vai responder pelos crimes de associação criminosa e tráfico de pessoas com a finalidade de submeter a condições análogas à de escravo.

De acordo com a delegada do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria) de Maringá, Karen Friedrich Nascimento, a investigação começou depois que as equipes constataram que muitas crianças e adolescentes estavam vendendo grandes quantidades de pizzas em Maringá e também na região. Ainda de acordo com ela, os suspeitos foram indiciados por subtração de incapaz, associação criminosa e tráfico de pessoas com finalidade de submeter a trabalho em condição análoga à de escravo. 

A investigação 

A investigação descobriu que ao menos cinco crianças foram vítimas de trabalho escravo. A delegada explicou que elas não tinham qualquer tipo de remuneração pela venda das pizzas. Todo o dinheiro arrecadado era revertido para os líderes religiosos investigados.

A polícia ainda constatou que algumas das vítimas ficaram fora da escola por um período. Ao Conselho Tutelar, elas relataram que tinham um dia da semana para fazer as tarefas escolares. 

Num dos casos apurados, a polícia descobriu que uma vítima de 13 anos foi levada para trabalhar como doméstica na casa dos pastores. Os pais que contestavam também eram agredidos e ameaçados. “Eles se negavam a devolver a adolescente para os pais. E quando os pais foram atrás, com o Conselho Tutelar, eles foram agredidos”, detalhou a delegada do Nucria de Maringá.

Segundo Karen Nascimento, os líderes religiosos presos na operação se aproveitavam das condições econômicas e emocionais das famílias das crianças e aliciavam as vítimas para que vendessem as pizzas. 

As equipes cumpriram três mandados de busca e apreensão na igreja e encontraram grande quantidade de dinheiro, uma arma de fogo e muitas pizzas – algumas já prontas e outros materiais para produção – impróprias para o consumo. A Vigilância Sanitária chegou a interditar a igreja.

Os policiais também encontraram um quarto, dentro da igreja, que levantou suspeitas. “Nós encontramos um quarto com isolamento acústico e um colchonete. No local também tinha um bastão e nós temos a notícia de que uma pessoa, maior de idade, que teria déficit intelectual, também estaria sendo submetida a trabalho escravo e que ela estaria na igreja. Nós não localizamos ele hoje, mas localizamos na garagem o local que ele morava, que era totalmente precário. Não tinha banheiro, nem nada, era envolto por uma cortina. E tínhamos notícia de que ele também pernoitava nesse quartinho. Ele seria um obreiro da igreja e será ouvido posteriormente”, detalhou à época. 

Outro lado

Em nota, a defesa dos investigados afirmou em 03/08/2021 que as acusações são “inverídicas” e que “destoam da realidade”. Afirmou ainda que “no momento e meio adequados’” será provada a inocência dos clientes. A reportagem não conseguiu falar com a defesa da secretária presa nesta quinta-feira.

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