Estreante em Jogos Olímpicos aos 34 anos de idade, Valdileia Martins fez a melhor marca da carreira nas eliminatórias saltando 1,92m, garantiu vaga na final e igualou o recorde brasileiro de 1989, de Orlane Maria dos Santos, que conquistou a marca em Bogotá, na Colômbia. Mas na prova olímpica na capital francesa, Valdileia torceu o tornozelo ao tentar superar a marca, saltando 1,95m.
A saltadora iniciou uma corrida contra o tempo para ficar saudável para competir neste domingo e se apresentou para a decisão da prova com o tornozelo enfaixado, entretanto acabou desistindo ainda na corrida da primeira tentativa de salto. Parou no início do movimento e informou estar sem condições físicas para continuar. [ouça o áudio acima]
A força para estar presente na final, mesmo lesionada, veio do pai, que faleceu aos 74 anos na segunda-feira (29) vítima de um ataque cardíaco, quando a atleta já estava na Europa, na reta final da preparação para a disputa olímpica, diz o irmão de Valdileia, Ezequiel Martins. [ouça o áudio acima]
A medalha não veio, mas a história de vida de Valdileia conquistou o Brasil. O primeiro passo na preparação para que ela pudesse representar o País nas olimpíadas foi dado quando ela estava na sexta série do ensino fundamental em uma escola pública do pequeno município de Querência do Norte, como relembra o primeiro treinador, o então professor de educação física, Flávio Rodrigues. [ouça o áudio acima]
Valdileia Martins chorou ao abandonar a prova, mas a família sabe que, mesmo sem medalha, ela volta vencedora, depois de realizar um sonho de estar entre os melhores do mundo representando o Brasil.
Para a menina que saltava descalça, usando varas de bambu e caindo sobre palha de arroz chegar a uma final olímpica, foram anos de preparação, treinos, lesões, altos e baixos. De Querência, Valdileia veio para Maringá, depois para o interior paulista. Desde 2018, Dino Cintra é o treinador que ela escolheu e conta sobre como ela conseguiu chegar à marca obtida em Paris. [ouça o áudio acima]