Os casos de abuso sexual na infância são mais comuns do que se imagina. Muitos casos nunca chegam ao conhecimento da polícia.
As vítimas acabam relatando os abusos só na fase adulta, em terapias clínicas, na tentativa de superar as sequelas do sofrimento.
É o que diz a psicóloga Eloise Rodrigues Ferreira, que é psicóloga clínica e escolar da Prefeitura de São Carlos do Ivaí.
Ela recebe muitos pacientes adultos que só querem superar o trauma e nem pensam em denunciar o algoz, embora a vítima tenha 20 anos, após completar 18 anos de idade, para fazer isso.
A psicóloga diz que o esforço da sociedade deve ser o de detectar os abusos na época em que eles ocorrem.
Por isso é tão importante a escola. Professores são orientados a identificar mudanças de comportamento nos alunos, o que pode ser um sinal de abuso sexual.
Mas neste momento de pandemia, com aulas suspensas, as crianças estão em casa. E as estatísticas mostram que 80% dos abusadores são pessoas próximas, diz a psicóloga.[ouça no áudio acima]
No esforço de reduzir os casos de abuso sexual, a sociedade deve ser conscientizada de que existe uma diferença entre abusador e pedófilo. A pedofilia, diz a psicóloga, é uma doença, sem cura, mas que pode ser tratada.
Quando um pedófilo se sente seguro para procurar ajuda especializada e receber tratamento adequado ele não chega a cometer crimes.
Mas enquanto a sociedade vê pedófilo como um monstro, ele permanece no anonimato e faz vítimas, diz Eloise.[ouça no áudio acima]
A pedofilia afeta menos de 1% dos homens e entre 0,2% e 0,3% das mulheres. O pedófilo deve procurar psicólogos ou psiquiatras da rede de saúde pública ou privada.