Não há ética onde o "eu" está acima de "nós"
CBN Maringá

Opinião

Não há ética onde o "eu" está acima de "nós"

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 18/02/2025 - 15:20

Particularidade acima do coletivo

Vivemos imersos em nossos problemas particulares, focados naquilo que nos interessa diretamente. Para muitos, o maior interesse reside na vida imediata, no que lhes diz respeito de forma pessoal. A pandemia foi uma lição dolorosa e reveladora sobre nossa capacidade de esquecer.

Ela foi um problema global, que atingiu a todos e afetou a humanidade como um todo. Durante esse período, os noticiários nos confrontam diariamente com números assustadores de mortos. Cada perda, direta ou indiretamente, tocou a vida de alguém. Quantos de nós não conhecemos alguém que partiu? Onde repousam essas pessoas em nossa memória?

Havia a expectativa de que a pandemia mudaria as pessoas para sempre, que estaríamos diante de um "novo normal". No entanto, para a maioria, o "novo" se dissipou, e a velha forma de viver retornou. Muitos acreditavam que a crise despertaria um maior interesse pelos problemas coletivos, que a humanidade se tornaria mais solidária e que as preocupações com o outro ganhariam mais espaço.

Dor maior se perdeu na memória

Porém, os males gerados pela pandemia não deixaram um legado de transformação para a grande maioria. O que restou foi uma lembrança distante, quase apagada do cotidiano. A maioria esqueceu os efeitos devastadores desse período.

Isso nos leva a refletir sobre os valores que guiam a humanidade. Parece que nossos valores repousam nas práticas individuais, na busca por atender nossos próprios interesses. Essa vontade particular parece mover as pessoas mais do que as necessidades coletivas. Naturalizamos essa inversão, em que o bem comum perde espaço para o individualismo. A sensação de que vivemos em um mundo de particularidades nos afasta da ideia de dependência coletiva.

O mundo atual exalta o pessoal em detrimento do social. As mensagens que recebemos incentivam o culto ao "eu", como se nossas prioridades individuais fossem mais importantes do que as questões que nos unem. Sentimo-nos cada vez menos parte de uma condição social e mais como seres isolados, focados em desejos infinitos. Talvez isso explique nosso desprezo, descaso e esquecimento em relação aos males comuns.

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