Data marca luta pelo fim dos manicômios no Brasil
Protesto no Rio pede o fim de tratamentos em manicômios | Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil (2018)

Reforma Psiquiátrica

Data marca luta pelo fim dos manicômios no Brasil

Saúde por Victor Simião em 18/05/2020 - 17:04

18 de maio é o dia em que se celebra a luta antimanicomial. Em Maringá, pesquisadoras atuam há décadas nessa frente. Para elas, o tratamento deve ser feito por meio de cuidados em relação às pessoas com doenças mentais.

Com o lema “Por uma sociedade sem manicômios”, a luta antimanicomial completou 33 anos no Brasil nesta segunda-feira, 18 de maio. Em um momento que o Hospital Psiquiátrico de Maringá  está destaque por ter casos positivos de coronavírus e ter sido interditado pela Secretaria Estadual de Saúde, diversas pessoas na sociedade lutam pelo fechamento desses locais. 

A chamada Reforma Psiquiátrica ganhou força a partir de uma experiência na Itália nos anos 1970. Os participantes do movimento perceberam que separar os chamados loucos dos ditos normais não resolvia o problema de quem tinha transtorno mental  - e era algo desumano, às vezes comparado aos campos de concentração nazistas. O caminho a seguir foi criar uma rede de atenção psicossocial, e inserir essas pessoas  em atividades.  As primeiras experiências no Brasil são do final dos anos 1980. 

Em Maringá existe uma rede pública de saúde mental a - e um dos itens mais conhecidos é CAPS, o Centro de Atenção Psicossocial. Nesses espaços há formas alternativas à internação, como experiências artísticas e outras formas de trabalho. Os CAPS não usam eletrochoque ou algum tipo de ação que possa ser caracterizada como violência. E ainda permitem a convivência com os familiares.  Em nível nacional,  partir dos anos 2000, o Sistema Único de Saúde ampliou os investimentos nessa área. Desde 2016, entretanto, com as mudanças de governo, houve queda na distribuição dos recursos e redução da expansão da saúde mental no setor público. 

Em Maringá, há pesquisadores que lutam pelo fim dos locais que separam as pessoas com doenças mentais. Ao menos duas mulheres se destacam: as psicólogas Roselania Borges e Maria Lúcia Boaroni.

Professora aposentada da UEM e atuando como voluntária na instituição, Maria Lúcia Boaroni faz parte do Conselho Municipal de Saúde e coordenada a comissão de saúde mental nesse grupo. Na definição dela, a luta antimanicomial é uma forma de defesa das pessoas.[ouça no áudio acima]

Manicômios tiram a individualidade de cada pessoa, algo que não pode ser aceito, avalia a professora do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá e membro do Conselho Local do Hospital Psiquiátrico de Maringá,  Roselania Borges. [ouça no áudio acima]

Em Maringá, o Hospital Psiquiátrico tem 240 leitos. Uma parte atende ao SUS. Há, também, o serviço de Emergência Psiquiátrica Municipal, com 26 leitos, para pessoas que estiverem em surto, além dos CAPS.   A professora Maria Lúcia Boaroni lembra que pedir o fim dos manicômio não é acabar com a internação dos casos necessários. [ouça no áudio acima]

A mulher que testou positivo com o coronavírus em um primeiro momento no Hospital Psiquiátrico em Maringá veio de Cascavel. É que há uma determinação estadual que decidiu deixar em Curitiba o controle dos leitos para quem precisa desse tipo de serviço no estado. Essa medida é criticada pelas pesquisadoras. - o que tira a pessoa com transtorno mental de perto da família.  

Por esse e outros motivos, elas garantem: a luta antimanicomial continuará.


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