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Clodimar Pedrosa Lô: família quer responsabilizar Estado por morte
Podcast por Brenda Caramaschi em 27/10/2023 - 07:00O Podcast CBN Maringá traz um novo capítulo da história de Clodimar Pedrosa Lô.
A família de Clodimar quer responsabilizar o Estado pela morte do adolescente, torturado para confessar um crime que não cometeu.
Em 1967, em uma quinta-feira, dia 23 de novembro, o adolescente Clodimar Pedrosa Lô, de 15 anos, foi espancado até a morte por policiais, após ser acusado de furtar um dos hóspedes do hotel onde trabalhava.
O dinheiro havia sumido de dentro da pasta de um cobrador, hóspede frequente do Palace Hotel, que procurou o gerente do estabelecimento. O gerente chamou o garoto, que carregava as malas dos hóspedes, e o acusou pelo roubo, pedindo que devolvesse o dinheiro. Clodimar respondeu que não sabia de dinheiro algum. Com as negativas do funcionário, três soldados levaram o suspeito à 13ª Subdivisão da Polícia Militar de Maringá - mais precisamente à “sala dos suplícios”, destinada à tortura de presos.
Os soldados perguntaram novamente a respeito do dinheiro e a cada negativa, golpes mais fortes e precisos em locais estratégicos eram desferidos. O rapaz foi amarrado a um “pau de arara”, sofreu pisões no peito, teve agulhas espetadas em seu órgão genital dentro do casarão amarelado na Avenida Paraná.
Ali, a vítima do furto chegou a ver o menino caído após o interrogatório e pediu para que o gerente do hotel retirasse a queixa, como relembra Amilkar Pedrosa, primo de Clodimar.
Clodimar Pedrosa Lô tinha vindo do Ceará para morar com o tio Oésio, pai de Amilkar. A morte do rapaz desencadeou uma série de outras tragédias familiares. O pai dele veio de Parambu, no Ceará, para se vingar. O homem matou o gerente do hotel onde Clodimar trabalhava, com um tiro à queima-roupa, na Avenida Brasil e foi levado três vezes a júri popular, sendo absolvido. Mas a absolvição não trouxe de volta o que a família perdeu, como conta Amilkar.
A história de Clodimar Pedrosa Lô deu origem a um livro documentário, um filme e até uma peça teatral e se mantém como um dos crimes que mais marcaram a cidade. A morte trágica e violenta fez do túmulo do adolescente um dos mais visitados todos os anos no dia de finados no Cemitério Municipal de Maringá e há quem atribua milagres e graças alcançadas a ele, transformando Clodimar em uma espécie de santo popular. Na época da morte do menino, uma série de investigações sobre o abuso de força exercido pela polícia local foi desencadeada e, ao longo dos anos, a família buscou por uma reparação junto ao Estado, mas sem sucesso.
Agora, quase 55 anos depois, a família de Clodimar Pedrosa Lô reabriu na Justiça o caso da morte dele. O objetivo, mais uma vez, é responsabilizar o Estado, buscando uma reparação moral, já que o crime foi praticado por servidores em serviço e dentro de instalações pertencentes ao governo.
A iniciativa de reabrir o caso é do Projeto Maringá Histórica, idealizado e dirigido por Miguel Fernando, que é autor do livro que resgata o caso e a quem foram confiados, pela família de Clodimar, todos os documentos da época.
Com aval da família, Miguel Fernando entregou a documentação ao advogado Wilson Quinteiro, que aceitou o desafio de reabrir o caso. Segundo o advogado, o direito a indenização perdura.
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