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Opinião
A ética da vizinhança
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 07/02/2025 - 08:00
O meu vizinho, tão longe e tão perto.
Sim, o vizinho pode ser o “bem” ou o “mal”. Ele pode trazer apoio para a superação de nossas dificuldades como pode ser o responsável pelos nossos males. Por isso, ele nem sempre é uma escolha e por isso não controlamos plenamente a relação que podemos estabelecer.
O vizinho divide conosco um ambiente amplo de convívio comum. Em condomínios, os espaços definidos como de uso coletivo nos farão encontrá-lo. E, o encontro pode não ser algo que nos agrade. Afinal, ele parece estar dentro e fora de nossa intimidade. Não podemos evitar a convivência, mas nem sempre a queremos.
Quantos vizinhos são tidos como um bom ser humano e outros o mal da humanidade? Quantos encontros que temos com um morador de nosso condomínio é marcado com a alegria do encontro e outros são a infelicidade da fatalidade de conviver com o inesperado?
Xenofobia condominial.
Hans Magnus Enzensberger, um ensaísta alemão, quando falava das migrações, destacava o sentimento de xenofobia, a aversão ao estrangeiro. Coloca como um instinto de proteção natural ao lugar onde vivemos e consideramos nosso. Onde a presença de um estranho nos causa repulsa. O vizinho pode se transformar em um estranho, mais que isso, declarado invasor.
O sentimento de invasão cresce na medida em que o vizinho não espelha os nossos hábitos, não parece um de nós, tem comportamentos que consideramos estranhos, pior, inaceitáveis. Dependendo da união dos moradores isso pode se tornar uma luta para expulsar o invasor. Também, pode se tornar uma prática de discriminação incontrolável.
Não por acaso há inúmeros relatos de moradores que são agredidos física e moralmente dentro dos condomínios. Preconceito racial, religioso, etarismo e de gênero. A lista é interminável de ações de agressão que acabam por se tornar pauta dentro do ambiente de convivência e também de violência.
Educar para conviver.
Aprender a conviver dentro dos condomínios é uma tarefa que exige educação e reflexão sobre a complexidade da vida em comunidade. É preciso que as pessoas dentro dos condomínios aprendam a conviver, mais que isso se conhecer, e nem por isso invadir a privacidade dos moradores, respeitar o que é do outro e de sua vida com aquilo que é respeito a uma condição comum.
Mesmo que em um ambiente condominial pareça ser difícil separar o que é privado do que é coletivo, o que é a vida íntima e a social, a consciência de que há um limite é fundamental. Isso é prerrequisito para o sucesso do condomínio e de seus moradores. Até mesmo para a valorização do espaço e a respeitabilidade da convivência.
Cabe a quem lidera o condomínio o papel de educar, de trazer para a discussão os critérios de respeito e integridade da vida humana dentro dos espaços onde a convivência coletiva é fundamental. Por isso, um condomínio tem que definir valores e princípios comuns, e eles devem ser conhecidos e incorporados por todos os moradores.
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