20 de julho de 1969: o dia em que o homem pisou na Lua

A semana na História

20 de julho de 1969: o dia em que o homem pisou na Lua

A semana na História por Reginaldo Dias em 21/07/2025 - 10:50

Quando a espaçonave Apolo XI pousou na Lua, em 20 de julho de 1969, o mundo parou para testemunhar o acontecimento mais espetacular de todos os tempos. A noção de espetáculo não decorre apenas da dimensão épica e inédita do acontecimento, mas de já haver tecnologia de transmissão por satélites, o que permitia que o evento fosse testemunhado instantaneamente pelas telas dos aparelhos de TV, a mídia mais poderosa do período. Foi, portanto, um espetáculo midiático. Nunca um fato histórico de inegável importância havia sido testemunhado por tanta gente quando ocorria. Como o fato foi planejado e sabia-se quando ocorreria, todos puderam se programar para testemunhar o feito grandioso. No Brasil, o alcance só não foi maior porque o acesso aos aparelhos de televisão não havia se popularizado. Mesmo assim, a solidariedade dos vizinhos permitiu que um público maior acompanhasse.

O fato também gerou um belo neologismo: alunissagem. Segundo o dicionário Aurélio, trata-se de “pouso suave na superfície lunar”. A alunissagem foi um feito épico e tecnológico, cercado pela disputa estratégica dos tempos da Guerra Fria, polarizada pela União Soviética e os Estados Unidos, mas incidiu no imaginário de seu tempo, gerando frutos no campo semântico e poético.

A União Soviética começou a corrida espacial em vantagem. O cosmonauta soviético Yuri Gagarin, o primeiro homem a entrar em órbita, perpetuou uma frase simples e poética: “a terra é azul”. Inconformados com o sucesso da potência rival, os EUA ganharam a corrida para colocar o primeiro homem na Lua, no prazo previsto, em 1961, pelo presidente John Kennedy. Neil Armstrong, o herói da conquista, cunhou a famosa frase, tantas vezes repetidas na comemoração da efeméride: “É um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”. Embora dotada de um sentido épico, a frase não teve o mesmo apelo poético do que dissera Gagarin. 

No curso da corrida espacial, o cantor brasileiro Gilberto Gil legou uma bela canção para indicar eventuais efeitos despoetizadores que a chegada do homem à Lua, fato anunciado e esperado, poderia provocar, especialmente porque envolto em disputa militar entre União Soviética e EUA. Entoava o poeta baiano: “Poetas, seresteiros, namorados, correi/ É chegada a hora de escrever e cantar/ Talvez as derradeiras noites de luar/ Da nova guerra ouvem-se os clarins/ Guerra diferente das tradicionais, guerra de astronautas nos espaços siderais/ A lua foi conquistada afinal/ Muito bem, confesso que estou contente também/ a mim me resta disso tudo uma tristeza só/Talvez não tenha mais o luar para clarear minha canção/O que será do verso sem o luar?” 

Na mesma sintonia, com seu estilo conciso e certeiro, o grande poeta maringaense Antônio Augusto de Assis também escreveu versos inspirados a respeito: “Astronauta, não destrua/meu direito de sonhar/Deite e role sobre a Lua/porém me deixe o luar”.

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