Aos dois anos e meio, Davi começou a apresentar algumas características de isolamento, auto regulação e deixou de atender a comandos. A família procurou o pediatra, que fez o encaminhamento ao neurologista. A preocupação era de que existisse algum problema de audição, afinal, os pais o chamavam e ele não respondia mais. Alguns exames foram feitos e a hipótese de problema auditivo foi descartada. Os indícios eram de que Davi era autista. A mãe, Alessandra Malamão, conta como foi receber o diagnóstico, 17 anos atrás. [ouça o áudio acima]
Davi tem um nível moderado de autismo. Ele ainda precisa de ajuda, não tem independência total, mas é alfabetizado e consegue se comunicar bem, apesar de não ter uma fala dialógica e não estabelecer uma interação social. A busca de Alessandra por informação e por educar as pessoas a volta sobre o autismo deu origem a uma ONG, a Estrela de Davi. Atualmente a organização tem 46 crianças no projeto social, onde recebem atendimento terapêutico.[ouça o áudio acima]
Hoje a ONG é mantida por padrinhos sociais, pela comunidade e por eventos beneficentes. A sede fica dentro do Instituto de Desenvolvimento do Espectro Autista - IDEA Ricardo Filho.
Há outras iniciativas como esta que trabalham no acolhimento e desenvolvimento das crianças, adolescente e adultos com o Transtorno do Espectro Autista. A Associação Maringaense dos Autistas é a mantenedora da escola Léo Kanner, que há 30 anos atende pessoas com TEA da educação infantil à Educação de Jovens e Adultos na modalidade de Ensino Especial. A escola é filantrópica, mantida pela associação. Mais de cem alunos são atendidos atualmente, com idades que variam de 04 a 38 anos, e que tem diferentes graus de autismo, como explica a diretora Rose Margarida Campos Parizotto [ouça o áudio acima]
Além das ONGs, existem também iniciativas governamentais para o atendimento focado no autismo, como explica a Gerente de Saúde Mental, Maria Heloisa Cella [ouça o áudio acima]
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico identificado por uma gama de características variáveis, como a dificuldade de comunicação e interação social, atraso no desenvolvimento motor, hipersensibilidade sensorial e comportamentos metódicos ou repetitivos. Mas a palavra espectro remete justamente a uma infinita possibilidade de características – ou seja, cada indivíduo apresenta comportamentos singulares em menor ou maior grau de forma conjunta ou isolada das demais características. Não há nenhum biomarcador específico para TEA.O diagnóstico é essencialmente clínico, feito a partir das observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos específicos. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (referência mundial de critérios para diagnósticos), alguns dos sinais são dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual, identificar expressões faciais e compreender gestos comunicativos, dificuldade na comunicação, alterações comportamentais, como manias, apego excessivo a rotinas, ações repetitivas, interesse intenso em coisas específicas e dificuldade de imaginação. Principalmente nos casos de autismo mais leve, o diagnóstico pode demorar a chegar. Antonio Augusto teve um diagnóstico tardio, aos 19 anos. [ouça o áudio acima]
O diagnóstico era de grau 1, ou autismo leve, e veio enquanto ele cursava a faculdade de direito. Hoje, Antônio Augusto é advogado e é vice-presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da OAB Maringá.[ouça o áudio acima]
O TEA pode ser tratado de inúmeras formas e, por lei, ninguém que tenha o transtorno ser discriminado em função de suas dificuldades ou impedido de frequentar qualquer lugar público. Falar cada vez mais sobre o autismo tem ajudado a conseguir diagnósticos precoces e a diminuir o preconceito, mas para quem convive diretamente com a doença, ainda há muito a avançar. [ouça o áudio acima]
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O Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo é celebrado no 2 de abril, com objetivo de difundir as informações sobre o autismo e reduzir a discriminação. A Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Saúde, realiza a Semana de Conscientização do Autismo, com atividades até quinta-feira, 6. O evento contará com palestras, roda de conversa, caminhada, apresentações culturais, exposição de trabalhos feitos por alunos, entre outras atividades.
Confira a programação:
• 02/04 - Domingo
- 8h30 - Caminhada de Conscientização do Autismo, saída do Teatro LuzAmor
- 10h - Piquenique Azul e Movimenta TEA, na Praça da Catedral
• 03/04 - Segunda-feira
- 8h30 - Abertura oficial com apresentação musical, no Auditório Hélio Moreira
- 10h - Palestra ′Autista, e agora?′, com Antônio Augusto Neto, no Auditório Hélio Moreira
- 19h - Roda de conversa sobre autismo e suas peculiaridades, com Sheila Dias, Lilian Ferreira e Antônio Augusto Neto, no Auditório Hélio Moreira
- 20h30 - Palestra ′Epidemiologia e perspectivas do autismo′, com Hassen Ahmed Abou Nouh Filho, no Auditório Hélio Moreira
• 04/04 - Terça-feira
- 9h30 - Apresentação de piano com músicos autistas, na Câmara Municipal de Maringá
- 10h - Palestra ′Em discussão: o aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA)′, com Tânia dos Santos Álvarez da Silva, no Auditório Hélio Moreira
- 19h - Palestra ′Autismo: importância da intervenção precoce e de qualidade′, com Pedro Henrique Bressan, no Auditório Hélio Moreira
- 20h30 - Palestra ′Transtorno do Espectro Autista: como identificar os sinais em bebês′, com a Raquel Proença, no Auditório Hélio Moreira
• 05/04 - Quarta-feira
- 8h30 - Palestras ′TEA na Faculdade′, com a Mariana Leal Tobias, no Auditório hélio Moreira
- 9h - Blitz informativa na Avenida Brasil, próximo à Praça Raposo Tavares
- 13h30 - Palestra ′Conhecer para incluir′, com Fernanda Polonio (exclusiva para profissionais da Secretaria de Educação)
- 14h - Blitz informativa na Avenida Brasil, próximo à Praça Raposo Tavares
- 19h - Show de Talentos da Pessoa Autista, no Auditório Hélio Moreira
• 06/04 - Quinta-feira
- 8h30 - Palestras ′Tratamento para o TEA: muitos juntos em uma só direção′, com Felipe de Figueiredo, no Auditório Hélio Moreira
- 13h30 - Palestra ′Conhecer para incluir′, com Fernanda Polonio (exclusiva para profissionais da Secretaria de Educação)