Por: Fábio Guillen/GMC Online
Os caminhoneiros de Maringá e região que passam dias viajando nas estradas do Brasil relatam fome e falta de locais para se alimentar, tomar banho e até mesmo fazer necessidades básicas. Luiz Cândido, 53 anos, com mais de 30 anos de estrada nunca tinha visto uma situação tão difícil na profissão.
“Tá difícil. Eu saí de Campo Mourão para São Paulo de madrugada e fui encontrar uma marmita às quatro horas da tarde. Todos os locais fechados. Você tem que trabalhar e não encontra comida. É triste”, relata o caminhoneiro.
Roberto Furlan Alves trabalha há 20 anos como caminhoneiro. Ele tem 49 anos de idade e disse que passou fome esta semana em São Paulo. “Não encontrei uma maçã para comer no interior de São Paulo. Tudo fechado. Deu vontade de chorar. Um desespero não encontrar comida. Não desejo para ninguém”, contou.
Em alguns estados, voluntários estão se revezando no preparo de marmitas que são doadas exclusivamente à caminhoneiros. João Carlos da Silva, 50 anos, mora em Maringá e em viagem ao Mato Grosso do Sul encontrou o grupo.
“Me deram marmita grátis em Dourados. Fiquei muito feliz. Muita gente tem coração bom e isso salva a gente nas estradas nessa hora”, relatou.
Emocionado, caminhoneiro desabafa nas redes sociais
O caminhoneiro Ilizeu Kosooski, 34 anos, fez um desabafo esta semana nas redes sociais. Em um vídeo publicado no Facebook ele disse emocionado que estava com fome e se sentindo um mendigo em busca de comida.
“Não é vergonhoso. Tenho orgulho de derramar uma lágrima pelo meu País, pela minha classe, pelo transporte que a gente carrega nas costas e ninguém está vendo isso. Eu queria saber se nos outros países foi parado tudo? Vocês ainda tem alimento? É nós que ainda estamos transportando. Ninguém está nos apoiando”, disse Kosooski.
Muito emocionado ele sentiu em ter que parar o caminhão em que ele transporta alimento para ir embora porque não encontra comida nas estradas. Veja o vídeo abaixo:
Caminhoneiros parados podem aumentar os impactos econômicos
Em 2018 o Brasil sentiu os efeitos e a importância que os caminhoneiros têm para a economia do País. A paralisação deixou cidades inteiras desabastecidas na época. Agora, com o fechamento do comércio em praticamente todo o Brasil, o transporte de cargas fica comprometido e isso pode agravar ainda mais a situação econômica do País.
Representantes dos caminhoneiros dizem que a categoria não vai parar e que vai trabalhar até o último segundo para tentar voltar à normalidade. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) aguarda o anúncio de medidas por parte do Governo Federal para tentar mitigar o impacto da pandemia sobre os transportes de cargas.
Em Maringá, caminhoneiros encontram estrutura e suporte
Caminhoneiros que passam por Maringá encontram estrutura em dois endereços, um deles no fim da Avenida Morangueira, no pátio de um grupo de transportes. A diretoria do grupo montou geladeiras com alimentos para os profissionais e todos, independentemente se são ou não funcionários, podem fazer testes de febre e de saúde para saber como estão. Além disso, a estrutura oferece banheiros para os caminhoneiros e o restaurante entrega marmitas, que são vendidas por um preço bem acessível. Veja o vídeo abaixo com a estrutura de saúde.
O Serviço Social Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) se mobilizam em todo o Brasil para cuidar dos trabalhadores que estão na estrada. Em Maringá, o ponto será na Transportadora Transcocamar.
O Sest/Senat local irá repassar kits de higiene e irá prestar cuidados médicos para os caminhoneiros que passarem pelo posto de trabalho na sexta-feira, 27. É uma ação importante para amenizar o sofrimento dos profissionais, diz o coordenador do Senat Maringá, Marcelo Trevisan.
Colabore
Quem quiser doar kits de higiene e de álcool-gel pode entrar em contato com o Senat Maringá. O telefone é o (44) 3123-7100. O coordenador Marcelo Trevisan também colocou o celular dele à disposição para doações. O número é o (44) 99139-7935.