As eleições de 1974, a indireta para governador e a direta para senador

História das Eleições - Episódio 17

As eleições de 1974, a indireta para governador e a direta para senador

Podcast por Reginaldo Dias em 24/08/2022 - 07:40

Em 3 de outubro de 1974, a Assembleia Legislativa se reuniu para sufragar o nome de Jaime Canet Junior como novo governador do Paraná. O empresário Canet Junior, além de uma trajetória bem sucedida na iniciativa privada, havia ocupado relevantes posições na administração pública, ensejadas por sua aliança com Ney Braga.

Em 1973, foi incorporado como vice-governador na chapa encabeçada pelo deputado Emílio Gomes, eleita pela Assembleia Legislativa para completar o mandato anterior, quando faleceu o governador Parigot de Souza.
Em 1974, segundo a literatura especializada, a bancada da Arena expressava preferência pelo senador Acioli Filho, presidente estadual da legenda, mas a influência de Ney Braga, então ministro da Educação, foi preponderante e assegurou a indicação de Canet Junior.
A assunção de Canet Junior ao Palácio do Iguaçu, conduzida pelo mecanismo do voto indireto, não foi o fato mais importante da política estadual naquele ano. O fato mais marcante, tanto na política estadual quanto na política nacional, foi a maciça votação obtida pelo MDB, a legenda oposicionista, no certame ao Senado.
Até então, o MDB vivia uma situação de fragilidade política, sofrendo, por um lado, com os golpes de força do regime militar, que cassava seus líderes, e sendo dilacerado, por outro lado, por um dilema hamletiano: vale a pena existir como partido de oposição em um regime que não permite que a oposição seja oposição ou que aspire a posições de mando político por meio de alternância de poder?
Daí, por exemplo, a ocorrência de campanhas pelo voto nulo, defendidas com o argumento de que aquelas eleições justificavam um sistema autoritário e antidemocrático na essência. Nas eleições parlamentares de 1966 e 1970, o MDB fizera pequenas bancadas. Em 1970, a bancada que lhe restou no senado, restrita a sete titulares, segundo a expressão irônica de um líder da Arena, cabia em um elevador.
A assunção de Geisel à presidência se dava em um momento em que, segundo os estrategistas do regime militar, era possível promover uma distensão política, uma volta organizada aos quarteis. As organizações sociais, como sindicatos e diretórios estudantis, estavam sob intervenção, desmanteladas ou neutralizadas. A imprensa estava sob censura. A oposição mais radical, que pegara em armas para derrubar o regime, havia sido derrotada. A oposição legal, o MDB, era frágil. Em contrapartida, os elevados índices de crescimento econômico do período compreendido entre 1968 e 1973 garantiam ao regime certa popularidade, ainda que o crescimento viesse acompanhado de concentração de renda.
Em 1974, faltando dois meses para as eleições parlamentares, o SNI emitiu um diagnóstico ao presidente da República, estimando que o MDB, na disputa ao senado, teria sucesso em apenas dois estados. Por sua vez, a Arena elegeria facilmente 12 cadeiras entre as 22 em disputa e outras com um pouco de dificuldade.
Todavia, quando as urnas foram escrutinadas, aferiu-se que o MDB elegeu 16 senadores e a Arena apenas 6. No Paraná, foi eleito o advogado Leite Chaves, até então desconhecido dos eleitores, pois nunca havia sido candidato
Houve uma avalanche de votos no MDB, verdadeiro voto de protesto por meio da única eleição majoritária de âmbito federal disponível, a de senado. Não podendo votar para governador e presidente, o eleitor protestou na eleição ao senado.

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