Ouça "A Semana na História" toda segunda-feira, com o professor e historiador Reginaldo Dias, às 11h50, com reprises às 14h50
A semana na História
Em 1º de julho de 1994, o Brasil efetivou o Real como nova moeda nacional. Não se tratou apenas da mudança do nome da moeda, mas de um plano de estabilização para domar um dos maiores desafios da economia nacional: o ciclo inflacionário. Para entender o significado e o alcance histórico desse fato, é preciso recuar um pouco no tempo e descrever o pesado passivo econômico legado pelos governos militares.
Em 1985, no encerramento do longo período de 21 anos de governos militares, o Brasil se encontrava em situação de insolvência econômica. Havia uma combinação trágica de três fatores: recessão, dívida externa fora de controle e inflação astronômica. Desde 1980, a inflação anual atingira os três dígitos, ou seja, totalizava mais de 100%. Em 1983 e 1984, a inflação foi superior a 200%. Além de ter parado de crescer, o PIB apresentava indicadores negativos em alguns anos. A dívida externa disparava, estrangulando a economia nacional. De 1964 a 1985, a dívida externa saltara de 16% para 47% do PIB.
No primeiro governo civil, presidido por José Sarney após o falecimento de Tancredo Neves, houve a tentativa de estabilizar a economia por meio do Plano Cruzado, quando também houve a mudança da moeda, como abordamos em edição anterior do nosso podcast. Iniciado com o congelamento de preços e salários, o plano conseguiu diminuir a inflação, mas a execução não foi suficientemente consistente para gerar os objetivos no médio prazo. De modo que o governo Sarney foi concluído com inflações mensais quase na casa dos três dígitos. Primeiro presidente eleito diretamente em quase três décadas, Fernando Collor também adotou um plano de impacto no início do seu governo, mas também não teve sucesso. Para completar, ainda sofreu impeachment, envolvido em escândalo de corrupção. Foi no governo de seu sucessor, Itamar Franco, que foi gerado o Plano Real.
Para domar a alta inflação legada pelos governos militares, um desafio que não foi superado nem por Sarney nem por Collor, Itamar Franco nomeou o senador Fernando Henrique Cardoso, que já participava do governo como ministro das Relações Exteriores, para chefiar o ministério da Fazenda.
Assumindo o ministério da Fazenda em maio de 1993, FHC compôs uma equipe com economistas que haviam participado da elaboração do Plano Cruzado e aprendido com as lições do insucesso desse e de outros planos. A tarefa estabelecida era a elaboração do plano de estabilização econômica que veio a ser conhecido como Plano Real, cuja execução deveria dispensar choques e congelamentos.
Foram várias as medidas iniciais e intermediárias. Desde o final de fevereiro de 1994, foi criada uma espécie de moeda provisória, a Unidade Real de Valor, para fazer a transição de moeda. Em 1º De julho de 1994, houve o lançamento da nova moeda, o Real. Toda a base monetária foi convertida de acordo com a paridade legalmente estabelecida. Com os resultados imediatos do Plano, o ministro Fernando Henrique Cardoso tornou-se presidente da República, eleito em 1994 e reeleito em 1998. Com todas as suas limitações e contradições, o Plano Real foi a programa de estabilização econômica mais bem sucedido da história recente do país, indissociável do período de implantação da Constituição de 1988.
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