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De acordo com os organizadores da manifestação, nas últimas duas safras, mais de 500 famílias abandonaram a criação de bicho-da-seda por conta dos prejuízos decorrentes da deriva, causada por aplicação irregular de agrotóxicos nas culturas vizinhas.
Foram mais de mil denúncias de perda total por intoxicação formalizadas aos órgãos fiscalizadores e os prejuízos nesta, que é a maior região produtora do Estado, chegam a R$ 55 milhões. Para muitos, tudo o que foi investido na propriedade para a criação do bicho-da-seda foi perdido, como conta a presidente da Associação de Sericicultores de Nova Esperança, Sandra Andrade Manieri. [ouça o áudio acima]
No município que é conhecido como “Capital da Seda”, em alguns casos a deriva foi tão avassaladora que matou não apenas as lagartas, mas também as amoreiras, cujas folhas servem de alimento para o bicho-da-seda, fazendo com que o produtor tenha que refazer toda a plantação.
Oswaldo da Silva Pádua é sericicultor e atuou por quase 50 anos no IDR-PR, inclusive como coordenador estadual do Projeto Sericicultura. Ele ressalta que o prejuízo à atividade produtiva causa impacto em outros setores, como o comércio, nas cidades pequenas. [ouça o áudio acima]
O mercado internacional consumidor dos fios de seda brasileiros aumentou significativamente a demanda e a indústria nacional de fiação de seda conquistou maior valor agregado com o reconhecimento de melhor qualidade do mundo e maior sustentabilidade segundo um relatório da Universidade de Cambridge.
A Indústria de Fiação de Seda Bratac tem hoje a capacidade anual de compra de mais de 9 mil toneladas de casulos verdes por ano, para produção de 1.400 toneladas de fios de seda para exportação e demais subprodutos da seda para os segmentos de moda, biomateriais, alimentos, medicina e cosmética.
Diante da restrição de matéria-prima, os casulos do bicho-da-seda, a perspectiva de exportação em 2023 será de apenas 300 toneladas de fios de seda, com um impacto negativo de R$ 550 milhões em produto final não produzido, e mais de 1.300 postos de trabalho reduzidos pela ociosidade dentro das fábricas.
O protesto que ocorre em frente à Câmara de Vereadores de Nova Esperança contará com a presença de sericicultores de toda a região, além de representantes de órgãos ligados à agricultura, prefeitos, IDR, Emater e Igreja Católica. Segundo Oswaldo Pádua o que os manifestantes cobram é que as leis ambientais que já existem sejam seguidas. [ouça o áudio acima]
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