Olá, pessoal, nossa viagem no tempo hoje nos leva à eleição de 1992. Vou narrar para vocês como o médico Said Ferreira conquistou o seu segundo mandato como prefeito de Maringá.
A eleição municipal de 92 talvez tenha sido a mais previsível da história até então, pois o ex-prefeito Said Ferreira liderou as pesquisas de intenção de voto do início ao fim, com larga vantagem sobre os concorrentes, vindo a ser eleito com 56% dos votos.
Os demais candidatos foram: o engenheiro e secretário municipal Miro Falckemback (PFL), apoiado pelo prefeito Ricardo Barros; o empresário Odílio Balbinotti (PTB); o promotor de Justiça Joel Coimbra (PDT); o professor universitário Aníbal Moura (PT), o médico e presidente da Câmara Municipal Marco Antônio Rocha Loures (PL); o engenheiro Walber Guimaraes Jr (PSDB). Completava o leque o candidato Assendino Santana, do PRP.
A eleição de Said Ferreira se explica por duas variáveis: a) boa memória existente sobre a passagem dele pela prefeitura; b) pela dura e eficiente oposição ao prefeito Ricardo Barros. Formava-se uma rivalidade que marcaria época, comparável apenas àquela que opôs, na década de 1960, João Paulino e Leon Perez.
Em 92, o prefeito Ricardo Barros chegava ao final de seu mandato divulgando a realização de um amplo leque de obras e também a introdução de modalidades inovadoras de gestão da máquina pública, por intermédio da terceirização dos serviços. O estilo arrojado e inovador, porém, gerou matéria-prima para a oposição, liderada por Said Ferreira.
Na campanha eleitoral, Said incidiu sobre um tema delicado e potencialmente polêmico: o aumento de impostos. Em um período de crise econômica nacional, para compensar a dificuldade de captação de verbas federais, o prefeito Ricardo Barros valeu-se da geração de receitas próprias para viabilizar as obras, atualizando os valores dos tributos municipais.
Said Ferreira propôs, ao longo da campanha, rebaixar os valores de IPTU já lançados e até devolver a diferença de valores aos contribuintes que já haviam liquidado o débito. No exercício do novo governo, isso se mostraria inexequível, mas ampliou, durante a campanha eleitoral, o já elevado potencial de votos do candidato.
O prefeito Ricardo Barros teria sucesso em novos projetos, elegendo-se sucessivas vezes para a Câmara Federal e exercendo uma liderança que chega aos nossos dias, mas, em 1992, Said Ferreira levou a melhor e voltou à prefeitura, acompanhado de seu vice, o então vereador Mário Hossokawa.
Odílio Balbinotti chegou em segundo lugar, com 19%, e Joel Coimbra foi o terceiro colocado, com 10%.
Said Ferreira foi o primeiro e único prefeito a voltar ao cargo na eleição subsequente ao término de seu primeiro mandato. É lícito dizer que houve uma “era Said Ferreira” na história política local.