Foi a primeira noite de sono tranquila para o médico e advogado Manuel Pereira Marques desde 2016. Após anos respondendo pela acusação de ter mandado matar o próprio irmão, nessa quarta-feira o médico foi absolvido. Durante o julgamento, o próprio MInistério Público pediu a absolvição do réu por entender que não havia provas no processo capazes de condená-lo. Os jurados apenas confirmaram. Manuel foi acusado de mandar matar Garcia Marques em abril de 2016. Garcia era um empresário português, que morava em Maringá, e dono de uma grande fortuna. O genro dele foi preso e condenado por ter tramado a morte de Garcia. No processo disse que fez tudo a mando de Manuel, interessado na herança do irmão. Mas que herança? Manuel não era herdeiro do irmão e a herança dos pais deles já tinha sido dividida, explica o advogado Adriano Bretas.
Essa foi a primeira falha cometida pela investigação, segundo a defesa. Afinal, caia por terra a motivação para o crime. Mas houve outro erro, apontado pela família logo no início do processo e que foi relegado durante muito tempo. Para provar que cometeu o crime a mando de Manuel, Cosme Alexandre disse ter ligado para o médico logo após o assassinato e ter falado: ‘está feito’. A polícia quebrou o sigilo telefônico de Cosme, encontrou a ligação e incluiu a gravação no processo. Mas não fez o mesmo com o telefone do médico. Ou seja, ele atendeu a ligação? A família fez este trabalho que caberia à polícia e anexou a prova trinta dias após a abertura do processo, diz o advogado Carlos Mestieri.
Apesar da fragilidade do processo, o médico ficou preso durante 25 meses e viu a vida dele e da família virar um inferno. Não há dinheiro que pague pelo sofrimento, diz ele. Mas a defesa deve pedir indenização ao Estado.
A CBN está tentando contato com a Polícia Civil e com o Ministério Público para comentar o assunto.
Atualizado às 15h - O Ministério Público informou que não vai se manifestar sobre as críticas feitas à condução do processo.
Atualizado às 15h30 - A Polícia Civil do Paraná informou que não comenta decisões judiciais.