Liderança pública: difícil agradar a gregos e troianos
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Liderança pública: difícil agradar a gregos e troianos

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 18/08/2020 - 08:08

Uma pesquisa da XP/Ipespe mede mensalmente a avaliação da população em relação aos gestores públicos durante a pandemia. Um sobe de desce constante em relação ao que as pessoas pensam dos representantes públicos que para muitas é o responsável direto pela administração dos problemas que a pandemia traz. 

Na avaliação entre julho e agosto, há uma queda do índice. 33% da população aprovam as medidas dos governadores de estado, lembrando que este número já foi 44% em abril. A rejeição em agosto é de 26% e a regularidade dos governadores é apontada por 28%. 

Nos estados o Sudeste é o campeão da queda de aprovação. Saiu de 30% em julho para 23% em agosto. Tendência também nas regiões Norte e Centro-Oeste, saindo de 35 para 30% de aprovação dos mandatários. Já no Nordeste houve um aumento de 38% para 42%, enquanto no Sul se manteve estável a aprovação em 48%.

Vários fatores devem ser considerados. Julgar o governante envolve o momento e neste período de pandemia o contexto tem mudado muito. Por mais que a crise é uma constante, o sentimento em relação a ela é inconstante. Aquilo que no início da pandemia poderia ser considerado caótico acabou assumindo um perfil de normalidade ou tolerância. 

Os governantes incorporaram em diversos momentos a imagem de responsáveis por várias medidas. Tanto as que foram positivas e geraram resultados de alívio e melhora para segmentos da sociedade como também as que foram consideradas desastrosas e responsáveis pelo aumento do problema.

A relação entre a abertura e fechamento do comércio, indústria e prestação de serviços talvez tenha sido o ponto mais delicado. A pressão de alguns setores foram aumentando na medida em que os prejuízos se acumularam. O represamento econômico ganhou contornos de insuportabilidade. 

Contudo é difícil julgar um governante em tempos de crise. Ela corre ao sabor do momento e poucos tem critérios lúcidos para avaliar a intensidade dos problemas que ocorrem na cidade, estado ou país. O sentimento que temos está ligado diretamente aos efeitos que recebemos do problema. Os que estão à nossa volta e aqueles que conhecemos se transformam em medida. Neste país o imediato é mais impactante do que a reflexão ponderada de médio e longo prazo. 

Por mais que a crise sempre mostre o bom e mau das pessoas, o envolvimento direto das pessoas com a tensão que ela provoca acaba por dificultar uma análise lúcida. Possivelmente, mais tarde, quando pudermos avaliar com mais precisão o prejuízo, às ações e os efeitos por ela provocado, teremos critérios mais precisos. Ainda estamos no “olho do furacão”.  

As pesquisas feitas neste momento colaboram para podermos mais tarde medir as reações da sociedade a condução do poder público. Mas, não é um resultado final e sentencial. Prematura considerar isso. As eleições municipais, por exemplo, acontecem em outubro. Até lá, mesmo estando o evento “logo ali”, muita coisa pode mudar. Tempos de crise tem destas coisas.

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