

Opinião
Ilusão da Inteligência: Tecnologia, Autenticidade e o Vazio Humano
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 13/06/2025 - 10:50
A ficção científica virou realidade
Sempre fui um admirador dos filmes de ficção científica. Fascinava-me a ideia de um mundo onde a tecnologia poderia se tornar quase humana — ou onde o ser humano pudesse se tornar altamente tecnológico. O que antes parecia distante, imaginado apenas nos roteiros de cinema, hoje é realidade. A tecnologia chegou com força, vai avançar ainda mais e está realizando, na prática, aquilo que por muito tempo chamamos de ficção.
Mas, junto com essa evolução, emerge uma questão inquietante: o que estamos perdendo enquanto ganhamos em inovação?
O humano por trás (ou escondido) da tecnologia
Vivemos tempos em que é possível construir um “ser humano fictício”. Isso já acontece. Muitos não são o que aparentam ser. Escondem-se por trás da tecnologia, criam imagens de si mesmos que não correspondem à realidade. Exibem discursos, comportamentos e valores que não sustentam na prática.
A tecnologia, especialmente a inteligência artificial, tornou-se um espelho onde muitos refletem aquilo que gostariam de ser — e não aquilo que realmente são.
A destruição da autenticidade
A inteligência artificial não é culpada. Ela é apenas uma ferramenta. No entanto, como toda tecnologia, pode ser usada para criar máscaras. Textos, imagens, discursos, estilos de vida — tudo pode ser construído artificialmente, sem a participação de uma vivência autêntica.
A IA permite que pessoas sem domínio, sem conhecimento ou sem preparo aparente expressem ideias com aparência de profundidade. Cria-se uma estética de conduta, uma organização de vida simulada. Estamos diante de um cenário onde a autenticidade está sendo destruída, não pela máquina, mas pelo uso que fazemos dela.
Quando o vazio humano encontra a inteligência artificial
O problema não está na inteligência artificial ocupar espaço. O problema é o ser humano não ocupar mais lugar algum. É o ser humano que se esvazia, que não se aprofunda, que perde essência e conteúdo. A IA acaba apenas preenchendo um vácuo — um vazio de pensamento, de reflexão, de substância.
Hoje, muita gente fala sobre o que não domina. E é a máquina que fala por elas. A inteligência artificial tornou-se, paradoxalmente, a “inteligência” de muitas pessoas. Não porque a IA seja potente demais, mas porque nos tornamos, em muitos casos, pobres em conteúdo e mérito.
A idolatria da técnica como sinal de empobrecimento humano
A crescente admiração pela inteligência artificial revela, em parte, uma incapacidade humana de gerar admiração por mérito próprio. Muitos deixam que a técnica fale por eles. Deixam-se substituir, não porque a IA seja melhor, mas porque não têm mais o que expressar por si mesmos.
Mais do que uma crítica à tecnologia, este é um chamado à reflexão: o que estamos deixando de ser enquanto a inteligência artificial avança? Estamos preparados para conviver com ela sem perder aquilo que nos torna humanos?
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