
Opinião
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Cartão e a navalha
A busca do consumo é mais intensa que as consequências. Em tempos de crise, reduzir os gastos é uma tarefa árdua para quem se vê cercado de seduções. O desejo de ter o bem pode não vir acompanhado da denúncia do que isso representa para o bolso. Não podemos esquecer que o endividamento dos brasileiros com o cartão de crédito é uma realidade. Este é o meio que mais ocasiona pendências financeiras.
Uma pesquisa divulgada pelo SPC Brasil mostra que mais de um terço dos brasileiros gastaram em fevereiro usando o cartão de crédito. Porém, um em cada cinco acabou entrando no rotativo da dívida. O que significa empurrar a dívida com a barriga a espera de melhores dias. Diria que apostar na sorte, rara, já que o custo de espera é elevado, mais de 170% ao ano. Lembrando que a taxa Selic é de 6,4%. Entre o juro ideal e real há uma grande diferença. O dinheiro no Brasil é caro e os brasileiros estão cada vez mais pobres.
A maioria dos brasileiros gasta com supermercado, alimentos principalmente. São 64% das despesas computadas nas faturas do cartão de crédito. Na sequência vem remédios, 43%, depois roupas (33%) e combustíveis (32%). Ou seja, o crédito virou, para muitos, uma extensão da renda. O gasto médio fica acima de R$ 900,00. Com renda baixa e com o desejo em alta, o campo fértil do endividamento se apresenta.
O mercado financeiro e claro, simples, lógico. Há uma grande quantidade de capital nas mãos dos bancos, mas não disponível para os brasileiros. A especulação está no endividamento. Quem não tem renda não merece crédito. Assim, os brasileiros se afundam em despesas. Não compreendem como a perda do poder de consumo está mais na ilusão do crédito do que no aumento da renda. Neste momento que a falta de juízo se apresenta. A educação financeira se aprende em casa, no dia a dia. Exatamente onde está a sedutora vontade de consumir.
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