O espetáculo da ′Paixão de Cristo′ encenado em Maringá reuniu milhares de pessoas em duas apresentações durante a Semana Santa, no Eurogarden. A peça é organizada pela Associação Cultural Lírius, com apoio da Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Aceleração Econômica e Turismo, recebe verbas públicas e poio do Governo Federal e hoje é um espetáculo reconhecido nacionalmente, atraindo visitantes de outras cidades se tornando uma das maiores apresentações artísticas do Sul do País.

Mas o início dessa história foi bastante modesta. No início dos anos 2000, a Catedral de Maringá fazia a encenação da peça dentro da igreja, como tantas e tantas paróquias Brasil afora. O mesmo acontecia na Paróquia Divino Espírito Santo. Foi quando o então pároco da Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória, Padre Júlio Antônio da Silva, fez um convite ao grupo organizador para tentar pensar em algo um pouco maior, que os primeiros passos começaram a ser dados para que a apresentação tomasse a proporção que tem hoje.

A cada edição, cenário, figurino e atuação ganhavam corpo. A encenação passou a ser na praça, do lado de fora da igreja que é cartão postal da cidade. E o público não era mais necessariamente apenas de fiéis católicos. A apresentação religiosa começava a se tornar uma atração cultural, reunindo milhares de pessoas no público. A cada Semana Santa, a praça lotava, com espectadores que chegavam cedo, levando cadeiras e banquinhos para garantir um bom lugar. Outros, que chegavam mais tarde, chegavam a subir em árvores para garantir uma boa visão. Telões passaram a ser espalhados pelo gramado para que mais gente pudesse enxergar a peça, captada por várias câmeras e transmitida pela televisão e internet. Anselmo José Frugerio, diretor da peça, explica o que atrai tanta gente para assistir a história tão conhecida a cada nova edição.

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Apesar de ser a mesma história, a forma de contá-la muda. A inspiração vem dos evangelhos, mas também de outras fontes e o trabalho de preparação dura quase um ano.

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A história de Anselmo Frugerio se funde com a do crescimento da apresentação. Ele e a família estão envolvidos com a peça desde a primeira apresentação; o irmão cuida da cenografia, a irmã, da equipe técnica, a esposa, do figurino… todos apaixonados pela Paixão.

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Renata Frugerio, que hoje é responsável pelo figurino, conta sobre como a história retratada se mistura à vida dela.

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A ambientação da cidade de Jerusalém de dois mil anos atrás é recriada usando isopor, madeira, ferro e muito trabalho doado por voluntários, que se dedicam nos barracões muito antes de a apresentação começar. São meses de dedicação. Rafael Frugerio é engenheiro civil e é o responsável pelo cenário e conta sobre a pesquisa e o processo para chegar ao resultado final.

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Para ele, o maior desafio é inovar ano a ano, para trazer um palco novo a cada apresentação.

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A edição de 2024 contou com a participação de mais de 300 pessoas para realizar a produção. Alexandra Frugerio fala sobre a experiência de coordenar uma equipe tão grande que doa seu tempo para estar ali e os desafios da montagem da peça.

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E assim como já ocorreu em anos anteriores, neste ano, a equipe teve um desafio a mais: um vendaval destruiu parte do cenário já montado dias antes da data da apresentação. Em 2017, um incêndio atingiu o barracão onde estavam todos os figurinos da peça e um verdadeiro mutirão foi feito para recuperar tudo a tempo. Novamente, a força-tarefa se repetiu. O diretor da peça diz que a força para recomeçar o trabalho vem da fé.

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Lana Carla já havia interpretado a mãe de Jesus por dois anos e em 2024 retornou ao papel de Maria. É pelos olhos dela que a edição deste ano da peça é narrada. A intérprete da personagem tão importante para os cristãos conta sobre a experiência de participar da encenação em diferentes áreas ao longo dessas vinte e duas edições.

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Fernando Bertola interpreta Jesus na encenação de Maringá há mais de 15 anos e diz que considera o papel uma missão.

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Germínio Tomadon é uma dessas pessoas que se emocionam na platéia. Aos 78 anos, ele esteve na apresentação acompanhado pela esposa, a neta e as bisnetas, assistindo, no palco, a filha e o neto, que participaram da peça.

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Ivanete Maram é uma das centenas de pessoas que compõem a multidão que entra em cena em momentos cruciais. Mas mesmo antes de participar, ela era espectadora e pegava estrada todos os anos para assistir a encenação.

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Com lágrimas nos olhos, Érika Maram conta que a parte que mais a emociona é a crucificação, mas o sentimento que fica é o que vem depois, com a ressurreição e a Páscoa celebrada não apenas no domingo, mas todos os dias.

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