Empreendedorismo feminino e a importância de grupos de apoio e fomento para o desenvolvimento de novos negócios

Podcast CBN Maringá

Empreendedorismo feminino e a importância de grupos de apoio e fomento para o desenvolvimento de novos negócios

Podcast por Brenda Caramaschi em 03/06/2023 - 06:50

O Podcast CBN Maringá desta semana fala sobre empreendedorismo feminino e a importância de grupos de apoio e fomento para o desenvolvimento de novos negócios.

 

O Brasil tem 10 milhões e 300 mil mulheres donas de negócios. O número é um recorde histórico que retrata o avanço do empreendedorismo feminino e consta em um estudo do Sebrae, com dados do IBGE, que foi divulgado este ano.  

Ainda de acordo com o estudo, 87% dessas mulheres trabalham sozinhas, ou por ‘conta própria’, termo usado na pesquisa. Este é um perfil muito comum entre os Microempreendedores Individuais (MEIs).

Maringá, terceira maior cidade do Paraná, tem 43.261 MEIs. Destes, 20.524 CNPJs são de mulheres, o que representa quase 48% do total. Muitas destas empreendedoras entraram no mundo dos negócios num processo de transição de carreira. 

É o caso da jornalista Dani Mendes, que depois de uma longa e bem-sucedida carreira em uma emissora de televisão, marcada por promoções e alcançando cargo de chefia, foi desligada da empresa. Ela decidiu aproveitar o momento sensível para uma virada na vida profissional: se tornou dona do próprio negócio. Mas a ideia de investir no empreendedorismo já estava no coração por alguns anos, desde a chegada do primeiro filho. [ouça o áudio]

Dani criou uma assessoria especializada justamente em transição de carreiras, atuando como coach e mentora. Ela escreveu um livro sobre a transição da CLT para o empreendedorismo e passou a promover eventos que unem mulheres empreendedoras e que querem empreender. Hoje, seja no atendimento individual ou no network promovido quando as mulheres se juntam para ouvir palestras e participar de treinamentos promovidos por ela, há muitas trilhando o mesmo caminho que a ex-jornalista já percorreu. [ouça o áudio]

Elba Ignatti é uma das mentoradas de Dani no processo de deixar as certezas de um cargo estável para a aventura de criar o próprio negócio. Ela era concursada em um banco onde trabalhou por 20 anos. Deixou o cargo de gerência para empreender e investiu em uma franquia de energia fotovoltaica apostando em um dos valores que ela mais acredita: a sustentabilidade . [ouça o áudio]

A história de Elba também traz outro ingrediente muito comum entre mulheres empreendedoras: o desejo de ter o próprio negócio para gerenciar o tempo e ficar mais perto dos filhos. [ouça o áudio] 

Este é o anseio de muitas mulheres quando surgem os desafios da maternidade. Mas o empreendedorismo também traz seus próprios obstáculos. Procurando apoio para fazer os negócios se desenvolverem ao mesmo tempo em que há uma dedicação à maternidade, um grupo de mulheres empreendedoras se uniram no “Mães do Ingá”. A iniciativa de empreendedorismo social foi criada em 2015 por Natalia Poliana como um grupo no Facebook, mas cresceu e veio para o offline, oferecendo capacitações, encontros para vendas dos produtos e divulgação dos serviços e, o mais importante, a troca de experiências valiosas nos momentos de dificuldades, o que reflete na saúde emocional daquelas que se dedicam a empreender e maternar, como explica a fundadora. [ouça o áudio]

Natália deixou a estabilidade da carreira como funcionária pública para vender brigadeiros gourmet, mas com as capacitações e network da rede que ela mesma criou, hoje mudou de área e atua como estrategista de marca, auxiliando outras microempreendedoras a divulgar seus produtos, aumentar o faturamento e tornar o negócio mais competitivo usando a internet.  A troca de conhecimento é constante e há o incentivo para que essa rede solidária se expanda e busque auxílio também com outras iniciativas. [ouça  o áudio]

Atualmente o Mães do Ingá tem quase 100 membros e uma fila de espera de mais de 250 mulheres que querem fazer parte. As vagas são abertas uma vez por semestre. Angélica Kuroki é uma das empreendedoras apoiadas pelo Mães do Ingá. Ela, que é mãe da Serena, de 5 anos, com o grupo, transformou o hobby de corte e costura em uma marca de enxovais para bebês e viu o negócio ganhar novas proporções. [ouça o áudio]

Em Maringá, outra fonte de apoio vem do poder público, inclusive para os potenciais microempreendedores que ainda atuam de maneira informal, ou não se deram conta do potencial que suas habilidades têm para gerar renda. Em 2023 foi criado o Programa Empreend +, que leva informação e capacitação aos bairros da cidade, como detalha a diretora de empreendedorismo e microcrédito do Espaço do Empreendedor, Cássia Mendonça. [ouça o áudio]

O estudo do Sebrae aponta também que o empreendedorismo feminino predomina em atividades ligadas aos setores de serviços e comércio: 57% das donas do próprio negócio estão no comércio e 27% delas são prestadoras de serviços. No entanto, ainda existem ambientes predominantemente masculinos, que, aos poucos, começam a ser ocupados também por mulheres, como é o caso da tecnologia da informação.

Recentemente, Maringá apareceu no ranking internacional Ecosystem Index Report 2023, elaborado pelo instituto israelense StartupBlink, como uma das melhores cidades do mundo para startups. No levantamento, o município aparece como a segunda melhor cidade do Paraná, atrás apenas de Curitiba, e ocupa a 18ª posição no Brasil. 

Porém, das 175 startups de Maringá, apenas 34 foram fundadas por mulheres. Uma delas é a engenheira têxtil Micheline Maia Teixeira, que está desbravando o universo das startups com uma solução tecnológica para a indústria do vestuário: um leitor de códigos implantado em tecidos. A função do leitor é rastrear o tecido da produção até o descarte. [ouça o áudio acima]

Micheline deixou um emprego formal para investir no sonho de fundar a startup. No caminho, enfrentou algumas barreiras como mulher que precisou mostrar valor na mesa de negociação com executivos da indústria têxtil e como empreendedora que não conta mais com a segurança da CLT.

Mas está valendo a pena, diz Micheline. Porque no fundo, o que move a empreendedora é o desejo de fazer a diferença no mundo. [ouça o áudio acima]

Enquanto as startups pensam em soluções para melhorar a nossa vida por meio da inovação, os microempreendedores individuais de todos os setores vão, aos poucos, gerando riqueza e contribuindo para o crescimento da economia e o desenvolvimento da sociedade.

Segundo o Espaço Empreendedor, os MEIs movimentam 2 bilhões de reais ao ano em Maringá. As mulheres contribuem com quase metade deste bolo. 

Uma riqueza que cresce e que ganha, cada vez mais, um toque feminino. 

Se você também quer entrar para o time das empreendedoras, o primeiro passo é procurar o Espaço do Empreendedor ou o Sebrae e descobrir como a sua ideia de negócio pode sair do papel e beneficiar outras pessoas com o que você sabe fazer de melhor.

Com colaboração de Luciana Peña e Ivan Baroneza.

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