Eleição de 1982: O pluripartidarismo com lógica bipartidária

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Eleição de 1982: O pluripartidarismo com lógica bipartidária

Podcast por Reginaldo Dias em 19/10/2020 - 12:26

O História das Eleições é apresentado pelo professor e historiador Reginaldo Dias.

Ouça o 21º episódio:

Olá pessoal, nossa máquina do tempo hoje estaciona em 1982. Vamos falar da eleição que conduziu o médico Said Ferreira à prefeitura.


As eleições municipais de 1982 foram as primeiras realizadas a partir da reinstituição do sistema pluripartidário, mas também podem ser vistas como as últimas do sistema anterior, pois ainda tiveram uma lógica bipartidária. Em Maringá, a disputa foi polarizada pelos dois partidos que sucederam a Arena e o MDB, ou seja, pelo PDS e pelo PMDB.


Em 1982, também houve eleições para senador, deputados e governador. Neste último caso, era primeira eleição desde 1965. Os dirigentes do governo federal promoveram a coincidência para tentar municipalizar o debate político e desviar a atenção dos graves problemas nacionais, acentuados pela crise econômica que assolava o país.


Para dificultar o caminho da oposição, houve severas restrições à propaganda eleitoral. Na televisão, o candidato podia apenas divulgar o currículo e exibir um slide com seu rosto. Além disso, foi criada uma regra estranha, o voto vinculado. Sob a penalidade de anular o voto, o eleitor era obrigado a votar, de alto a baixo, em uma mesma legenda. Imaginava-se que isso favoreceria o partido governista e dificultaria a vida da oposição, dispersa em alguns partidos.


Na prática, beneficiou o PMDB. Visto pela população como o maior partido de oposição e o único em condições de derrotar o partido governista, o PMDB foi o beneficiário do chamado voto útil.


Nas campanhas a prefeito, ainda sobreviveu a sublegenda. O PDS lançou 3 chapas. Os candidatos a prefeito eram o deputado estadual Antônio Facci, o empresário Ademar Schiavone e o engenheiro e lendário pioneiro Anibal Bianchini. O PMDB lançou duas chapas. Os candidatos a prefeito eram o advogado Horácio Raccanello e o médico Said Ferreira. O PTB teve como candidato o empresário Egídio Assmann. Por fim, o PT lançou o médico Nelson Aiex. A advogada Izaura Gonçalves, candidata a vice-prefeita pelo PT, foi a primeira mulher a disputar um cargo majoritário.


O prefeito João Paulino, que fizera um mandato realizador e bem avaliado, concorreu ao cargo de vice-governador.


Os candidatos do PDS gozavam de elevado conceito público, mas nadavam contra a correnteza. Por causa da situação nacional, o clima da campanha era francamente favorável à mística oposicionista do PMDB. Além disso, os seus dois candidatos a prefeito haviam sido bem votados na eleição anterior, ficando na segunda e na terceira colocação.


No final, por efeito do voto vinculado, nas urnas de Maringá o PMDB venceu o PDS em todos os cargos disputados (governador, senador, deputados, vereadores e prefeito) pela mesma margem de votos, cerca de 55% a 35%. Na votação nominal, Anibal Bianchini (PDS), 15%, Horácio Racanello, 22% e Said Ferreira (PMDB) foi eleito prefeito com 32% dos votos nominais. O novo vice-prefeito era o vereador Noboru Yamamoto.

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