De acordo com a Secretaria de Educação e do Esporte (Seed) do Paraná, a confusão foi motivada por uma pesquisa iniciada por uma estudante dentro do colégio para saber a opinião dos demais alunos sobre o compartilhamento de banheiros com pessoas trans. “Uma estudante, sem autorização da direção, fez uma pesquisa informal, perguntando aos demais alunos sua opinião a respeito do uso do banheiro por pessoas trans. Essa teria sido a situação que desencadeou a briga nas proximidades da escola na última quinta-feira (7). Já na sexta-feira (8) os responsáveis dos estudantes foram chamados para uma conversa na escola, na presença do Conselho Tutelar”, detalhou a Seed.
Segundo a secretaria, os colégios do Paraná são sempre orientados a estabelecer diálogo com os responsáveis pelos adolescentes, especialmente em situações que envolvem a identidade de gênero. “A orientação da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR) em relação ao uso do banheiro por alunos transexuais é que a escola dialogue com a família. A partir do momento em que os responsáveis pelo aluno fazem o registro no Sistema Estadual de Registro Escolar (Sere) indicando sua identidade de gênero, o estudante passa a utilizar o banheiro correspondente”, explicou a secretaria.
Um segundo boletim de ocorrência foi registrado pelo pai da adolescente transexual. O homem afirmou à polícia que um tio de uma das jovens agredidas teria ameaçado a adolescente ao encontrá-la no Terminal Urbano de Maringá.
Procurada pela reportagem, a direção do Instituto de Educação Estadual de Maringá preferiu se manifestar por meio de nota. No comunicado enviado à imprensa, a instituição manifestou repúdio a qualquer tipo de violência e ressaltou não compactuar ou se omitir a qualquer situação que coloque em risco a integridade física ou emocional de estudantes, professores e funcionários do colégio.
“Guiada por esses princípios, a direção informa que, tendo em vista o caso de violência ocorrido no dia 7 de julho, no entorno da escola, envolvendo alunos(as) e ex-alunos(as) do IEEM, tomará providências para que seja apurado se houve qualquer conduta por parte de servidores(as) do colégio, que possa ter contribuído para o triste desfecho. Como medida imediata, logo que os fatos chegaram ao conhecimento da direção, os responsáveis dos(as) alunos(as) vítimas de violência foram orientados(as) a registrar boletim de ocorrência junto às autoridades policiais e, ato contínuo, foi realizado contato com a patrulha escolar solicitando uma reunião de orientação com as famílias do(as) envolvidos(as). Esta reunião ocorreu logo na manhã do dia seguinte”, informou a instituição.
O colégio também lamentou o ocorrido entre os alunos e reforçou que, durante o semestre letivo, promoveu palestras para os estudantes para tratar sobre a resolução pacífica de conflitos, visando a prevenção da violência.
O caso ganhou repercussão nas redes sociais. No sábado (9), o deputado estadual Homero Marchese (Republicanos) se pronunciou com uma publicação em uma página no Facebook. No texto, o deputado comentou a situação e afirmou que as principais vítimas do caso, considerando o episódio de agressão, são as mulheres.
“Vou solicitar providências formais à Secretaria de Educação, Polícia Civil, Conselho Tutelar e Ministério Público sobre o episódio. Nossas escolas precisam ser ambientes seguros para meninos e, principalmente, meninas. Diante de um caso recente envolvendo o uso de banheiro em Loanda, já havia solicitado a atuação da Secretaria [de Educação]. Conheço a direção do Instituto [de Educação Estadual de Maringá] e acredito que ela não compactuaria com abuso dentro da escola. Em nota, aliás, a instituição disse que orienta o uso de banheiro coletivo de acordo com o sexo do aluno, com exceção de banheiro individual que possa ser usado por pessoas de ambos os sexos”, escreveu Marchese.
(atualizado às 19h15 ) -
Após a divulgação da reportagem, a CBN foi procurada por uma mãe de aluno que relatou a versão do filho sobre este caso.
Segunda a mãe, que preferiu não se identificar, o filho relatou que as alunas agredidas foram orientadas a fazer a enquete sobre o uso dos banheiros coletivos por um coordenador pedagógico do colégio. A mãe disse também que muitos pais são contra o compartilhamento do banheiro feminino entre meninas e estudantes trans, mas não estariam sendo ouvidos pela direção do colégio.
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